Villas-Boas sobre Pepe: "Continuidade enquanto jogador do F. C. Porto não irá acontecer"
O presidente do F. C. Porto falou das primeiras decisões na liderança dos "dragões". Desde o dossiê Pepe, à escolha de Vítor Bruno para técnico e até da resolução para os problemas financeiros. " Será tomada uma decisão em breve relativamente à reformatação da dívida e de aplicação desse dinheiro", assegurou.
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André Villas-Boas, presidente do F. C. Porto, concedeu uma entrevista exclusiva à "Now", novo canal da Medialivre, que será transmitida na íntegra às 12 horas. Entre os vários temas, um dos que chamou mais atenção foi o futuro de Pepe, capitão dos "azuis e brancos".
"O que transmiti ao Pepe, de certa forma, e que é de bom senso comum, é que todo o seu futuro está intimamente ligado ao F. C. Porto, seja do ponto de vista apenas emocional, ou seja até do ponto de vista profissional. Sobre a sua continuidade, enquanto jogador do F. C. Porto, isso não irá acontecer, Foram-lhe bem explicadas as razões pelas quais infelizmente não poderá acontecer. No entanto, temos o máximo de respeito pela sua carreira", explicou André Villas-Boas, num pequeno excerto da entrevista, partilhado esta segunda-feira.
E acrescenta: "Há um caminho diferente e há também uma preocupação, de certa forma, do novo F. C. Porto em reduzir massa salarial e custos. Isto foi claramente explicado ao Pepe e ele entendeu assim. Irá tomar a decisão que entender relativamente à sua carreira e as portas do F. C. Porto estarão sempre abertas para ele".
A escolha de Vítor Bruno
O presidente dos "dragões" esclareceu como nasceu a ideia de apostar em Vítor Bruno para técnico principal e mostrou confiança: "Olhámos sempre de uma forma muito positiva para o Vítor no sentido da continuidade. Quando olhámos para o cenário, entre mim, o Andoni Zubizarreta e o Jorge Costa, decidimos avançar, foi um tema que foi fechado relativamente rápido. Tivemos reuniões que nos ditaram que este era o caminho a seguir. Tenho muita confiança no trabalho que o Vítor possa desenvolver. Vem da sua apresentação, que causou muito boa impressão nos sócios, pelas suas linhas orientadoras, pela sua visão, pelo que conhece do clube e pelo que sabe que este clube é. Tudo isto foi muito positivo para nós, fo a constatação que este era o homem certo e depois toda a parte contratual fez-se de forma muito rápida", detalhou.
André Villas-Boas referiu, ainda, que todos os treinadores selecionados para orientar o F. C. Porto têm noção da sede de títulos. "Foi para mim a maior honra ser campeão nacional pelo F. C. Porto. Será certamente para o Vítor também e seguramente será isso que ele procurará", realça, destacando, no decorrer, que esta é "uma exigência dos sócios" e o "ADN do clube". "Por isso, estamos neste museu rodeados de tão belos troféus e de tanto prestígio nacional e internacional. Acho que é uma vantagem, ter um presidente adepto tão profundo como eu sou e como são todos os membros da minha equipa profissional, porque sabemos quais são as exigências dos sócios para connosco. Sabemos perfeitamente que a nossa margem de erro é mínima e que temos que entregar títulos", atirou.
Nesse sentido, para grandes ambições é preciso também ter matéria-prima para trabalhar. "É uma responsabilidade nossa de lhe oferecer os plantéis competitivos e nisso o Vítor tem sido inexcedível, não só na compreensão dos dossiês, como também no que é a equipa ou plantel atual e o que ele quer de uma equipa vencedora. Portanto, nós temos plena consciência com as conversas que temos com ele, o que ele deseja e estamos a investir no mercado nesse sentido", assegurou o presidente do F. C. Porto
A despedida de Sérgio Conceição
André Villas-Boas abordou também a possibilidade de realizar uma despedida a Sérgio Conceição, técnico que comandou o F. C. Porto durante sete temporadas, tendo conquistado, nesse período, 11 troféus para rechear o museu do emblema "azul e branco".
"Naturalmente estava agendada [despedida] no momento da rescisão contratual. O que acabou por não acontecer. O que lhe posso garantir é que os 365 dias do ano estarão livres para quando ele entender", garantiu o presidente dos "azuis e brancos".
Possibilidade de vender ativos para gerar receita
"Temos bastante valor nos nossos plantéis, que nos podem dar essas mais-valias e essas receitas para operar no mercado. No fundo, o futebol português sempre se traduziu para um mercado que exporta muito em qualidade e talento e penso que naturalmente podemos ser assediados nesse sentido. Se não formos, somos capazes de reter essa qualidade, no entanto, temos obrigações para cumprir, tal como o licenciamento da UEFA", afirmou o dirigente.
André Villas-Boas realçou que "nunca se está disponível para abrir mão de um talento tão bom [risos]". "A realidade é que são jogadores muito importantes no F. C. Porto, que estão acompanhados da sua classe de rescisão. O F. C. Porto sempre vendeu muito bem. Não tanto nestes últimos anos em que fomos, de certa forma, asfixiados por um garrote financeiro e pelo licenciamento da UEFA, que nos obriga a operar no mercado de outra forma, mas queremos recuperar esse F. C. Porto negociador", assumiu.
Quando tomou posse da pasta, o novo presidente do F. C. Porto encontrou o clube em volto de certas dificuldades financeiras, mas, apesar destas entraves, mostrou-se confiante numa recuperação e declarou que se encontram em discussão com três bancos para encontrar uma resolução do problema.
"Estamos num ponto de comparação entre o que nos é oferecido. Felizmente, o que acontece para nós com a credibilidade da equipa profissional que temos, é que estes bancos permitem ao F. C. Porto que se sente com eles à mesa. Neste momento estamos numa fase de discussão avançada das propostas que os três bancos nos estão a oferecer. A questão será escolher o caminho mais vantajoso para o F. C. Porto. Elas estão a acontecer regularmente e na próxima semana temos mais uma com um destes bancos internacionais. Será tomada uma decisão em breve relativamente à reformatação da dívida e de aplicação desse dinheiro para sustentar o F. C. Porto a curto e médio prazo"