O ano de 2012 registou o dobro das violações antidoping do que as registadas em 2011, revelou esta quarta-feira a Autoridade Antidopagem de Portugal, na sessão de apresentação dos dados estatísticos, em Lisboa.
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De acordo com a Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), em 2012 foram registadas 88 violações às normas antidoping, contra as 43 de 2011, o que representa 2,54% do total de 3.460 amostras recolhidas (face aos 1,34% em 2011).
Os números deste ano correspondem a mais de uma violação às normas por cada de 50 amostras (2,54%), o que representa a maior percentagem desde 1982, indicam os dados da autoridade.
"O aumento (de 43 violações para 88 em 2012) deve-se essencialmente a um grande aumento no número de violações por sistema de localização, um elemento de dissuasão fundamental para o controlo fora de competição", considerou o presidente da ADoP, Luís Horta.
Os atletas de alta competição ou aqueles que correspondem a determinados perfis da ADoP têm regras especiais para estarem sempre localizáveis pelas autoridades antidopagem, a fim de poderem ser alvo - por exemplo - de controlos de surpresa.
Das 88 violações às regras antidopagem de 2012, 62 dizem respeito a "casos positivos" e 26 a "outras violações". No futebol foram detetadas 18 violações (das quais 16 casos positivos), no ciclismo 11 (das quais 10 casos positivos) e seis no atletismo, patinagem e vela.
Luís Horta sublinhou que o aumento do número de casos para o dobro se deveu "essencialmente" a incumprimento do sistema de localização.
"Diz respeito a aumento dos casos positivos, mas essencialmente a causa do aumento deve-se ao incumprimento do sistema de localização, ou seja houve atletas que em 18 meses - e por três vezes - não nos mandaram o seu sistema de localização, ou mandaram-no atrasado. Ou então não estavam no local predeterminado para serem controlados", explicou o responsável.
Mais de metade dos "casos positivos" identificados (52%) envolveram substâncias canabinóides, 13% diz respeito a estimulantes, outros 13% a anabolizantes e 4,3% a hormonas.
Os números da ADoP também indicam que as infrações às regras em 2011 se registaram em 14 modalidades e que as 88 deste ano se verificaram em 30 modalidades, o que segundo a entidade atesta o aumento da capacidade de controlo.
A modalidade mais controlada foi o futebol (1.097 amostras), seguido do atletismo (564) e do ciclismo (437 amostras).
"Houve essencialmente aumentos das modalidades mais controladas, ou seja estamos a falar de aumentos absolutos e não relativos. Tivemos problemas com o atletismo, com as modalidades de endurance, e no ciclismo existe um problema com [a categoria dos] veteranos", exemplificou Luís Horta, ressalvando no entanto que ambas as federações - atletismo e ciclismo - "têm sido inexcedíveis" na colaboração com a ADoP.
A ADoP revelou ainda que, das 3.460 amostras recolhidas, 1.998 foram recolhidas em competição e 1.462 fora de competição, o que "corresponde à estratégia de controlos inteligentes" e, no caso concreto do ano de 2012, porque foi um ano de Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
Este aumento da amostragem em 2012, disse Luís Horta, surge em contraciclo com aquilo que se espera para os próximos anos. Ou seja, este ano e nos próximos a tendência será de diminuição da amostragem devido a restrições orçamentais mas também devido ao caráter mais inteligente do tipo de controlo, que permite maior racionalização de custos.
Presente na apresentação dos números, o secretário de Estado do Desporto e Juventude saudou a ADoP, considerando que "é o garante para o movimento desportivo de que a batota não é permitida".
"Todos temos a ganhar com a publicação destes dados, na explicação dos procedimentos: fica claro para todos o que é feito, como é feito, quando e a quem", acrescentou Emídio Guerreiro, sublinhando que "assim todos ficam a ganhar".