Quase 20 anos depois da última participação na Volta a Portugal, a Movistar regressou ao pelotão da prova rainha do ciclismo português. Uma corrida "dura, mas muito bonita", que tem servido de escola para os corredores mais jovens daquela equipa espanhola do WorldTour. A presença no próximo ano é uma incógnita, mas há vontade de voltar.
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Há 19 anos que a Movistar não integrava a caravana da Volta a Portugal. Em duas décadas, muita coisa mudou - sobretudo as estradas, que são agora melhores - e Luis Jaimerena, diretor desportivo da equipa espanhola, confessa que já tinha saudades de correr a mais importante prova portuguesa. Quer pela competição, exigente para os corredores mais novos, quer pelo público que enche as bermas das estradas de Norte a Sul do país.
"Espanha e Portugal são quase irmãos e ficamos muito contentes por cá estar. O país continua com muitos amantes do ciclismo, completos aficionados pela modalidade, e a Volta está a correr bem. Com alguns problemas inevitáveis, devido à situação atual na qual vivemos, mas muito bonita, competitiva e interessante", afirma o antigo ciclista ao JN.
De acordo com Jaimerena, a Movistar alinhou à partida da Volta a Portugal para desafiar os ciclistas mais jovens do coletivo. É como se fosse um "mestrado" de experiência que poderá ser decisivo no futuro. "Decidimos fazer a Volta a Portugal, primeiro para colocar mais uma corrida no currículo dos ciclistas, mas também porque a maioria são jovens e não têm possibilidades de correr uma prova com tantos dias. É uma experiência de formação, um trabalho de adaptação às corridas e ao calor".
Liderança na camisola da juventude
Apesar de ter trazido a "equipa B" à Volta a Portugal, Jaimerena garante que a Movistar veio para se afirmar e tentar fazer a diferença. "Venho às corridas com a intenção de fazer o melhor possível, mas claro que com gente jovem é mais complicado porque não estão ao mesmo nível", justifica o diretor desportivo que conta com Abner González, porto-riquenho de 21 anos, a liderar a classificação da juventude.
Até ao final da Volta a Portugal, que termina este domingo em Viseu, Jaimerena quer ajudar Abner a conquistar pelo menos essa distinção, mas admite que o cansaço de nove dias de prova já começa a pesar. "Não sabemos como é que ele vai reagir até ao final. Como nunca correu tantos dias seguidos é normal que tenha algumas dúvidas. Para já está bem e nós vamos ajudá-lo em tudo o que pudermos para que ele consiga chegar o mais à frente possível".
Há dez dias a correr Portugal de Norte a Sul, Jaimerena nota que há menos público na estrada, devido aos receios trazidos pela pandemia, mas espera voltar para viver a corrida na sua plenitude.
"Entendemos que a Volta a Portugal é uma corrida importante, uma corrida de preparação e formação. O facto de estarmos no WorldTour implica outro tipo de obrigações e é mais complicado garantir o regresso. Mas isso não invalida que seja uma corrida muito interessante e bonita, por isso, por que não voltar?".