Prova rainha recupera figurino mais tradicional, mas ainda terá de resguardar a caravana da pandemia. Competitividade atenua restrições
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O mais popular evento desportivo de verão em Portugal regressa à estrada a partir quarta-feira e termina a 15 de agosto, tentando reatar a pedalada da normalidade, mas tendo ainda de contornar alguns dos obstáculos provocados pela pandemia. Nesta edição da Volta a Portugal, a caravana ainda não poderá saborear, sem restrições, o tradicional afeto do público, e será resguardada numa bolha de segurança para se manter em vantagem na fuga à covid-19. Mas a prova, ao contrário do ano passado, será disputada no verão.
"Queremos dar um cheirinho de normalidade, mas temos consciência que ainda não podemos fazer um apelo para que as pessoas venham livremente para a estrada. Teremos algum público nas partidas, nos percursos e nas chegadas, mas pedimos zelo no cumprimento das regras do distanciamento e do uso de máscara", partilhou Joaquim Gomes, diretor da prova, ao JN.
O apelo do responsável serve para proteger todos os restantes ingredientes de emoção que um competitivo pelotão, com 19 equipas, e um percurso exigente com mais de 1560 quilómetros, em diferentes latitudes do país, promete retribuir ao público. "A forma como as etapas difíceis, com cinco chegadas em alto, estão distribuídas ao longo da corrida, promete, até ao final, um conjunto de incertezas sobre quem será o vencedor. Só mesmo o mais forte em todo o percurso será consagrado", antecipou Joaquim Gomes.
Nesse lote dos mais resilientes, os protagonistas das equipas nacionais partem em vantagem - a W 52/F. C. Porto é a grande favorita -, mesmo que no pelotão deste ano haja um nome grande, com a presença da Movistar, formação espanhola do principal escalão mundial, que se estreia na Volta a Portugal, mas previsivelmente para dar rodagem aos mais jovens.
Para estarem à altura do estatuto, e acompanharem os favoritos dos conjuntos nacionais, os debutantes terão de transpor um percurso que, não tendo grande novidade nos habituais pontos quentes de dificuldade, apresenta, desta vez, a particularidade de agregar, em dias consecutivos, etapas bastantes complexas. Uma exigente chegada à Guarda logo depois do icónico final na Serra da Estrela e dois términos, em menos de 48 horas, na Serra do Larouco e na Senhora da Graça, só estarão à altura de um restrito grupo de completos ciclistas.
PONTOS QUENTES
3.ª etapa
Chegada à Torre
A subida ao ponto mais alto de Portugal continental chega logo na fase inicial da corrida, prometendo fazer a seleção dos mais fortes numa tirada com quatro contagens de montanha, uma delas de categoria especial.
4.ª etapa
Final na Guarda
Com a linha de chegada coincidente com um prémio de montanha de terceira categoria, a chegada à Guarda é conhecida pela sua dureza, mas será agudizada por uma passagem prévia por Videmonte, a localidade mais alta do concelho.
5.ª etapa
Subida a Assunção
Logo a seguir ao dia de descanso, o pelotão terá um teste ao retemperar das forças, com um duro final na subida até ao Santuário da Nossa Senhora da Assunção, em Santo Tirso, depois de uma tirada disputada em velocidade.
8.ª etapa
Serra do Larouco
O segundo ponto mais alto de Portugal Continental, em Montalegre, não tem sido gentil com o pelotão nos últimos anos, acrescentando à dificuldade da subida dos derradeiros 10 quilómetros condições atmosféricas muito adversas.
9.ª etapa
Senhora da Graça
A emblemática subida ao Monte Farinha é um dos cartões de visita da Volta a Portugal, mas este ano surge como a última etapa em linha, fazendo a derradeira triagem dos mais resistentes do pelotão, antes do tira-teimas do contrarrelógio.