A atleta venezuelana conquistou a medalha de ouro nos Mundiais de atletismo pela terceira vez - tornou-se na primeira atleta a fazê-lo - e promete não parar por aqui. Eis Yulimar Rojas, a atleta que faz sonhar e pede que não desistam dos sonhos.
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Já quase deixa de ser surpreendente. Yulimar Rojas levou a melhor no triplo salto nos Mundiais de atletismo em Eugene, nos Estados Unidos - saltou 15,47, a melhor marca do ano, impondo-se à jamaicana Shanieka Ricketts e à norte-americana Tori Franklin, segunda e terceira classificadas, com 14,89 e 14,72, respetivamente - e revalidou o título mundial pela terceira vez, escrevendo mais um capítulo na história da modalidade, ao ser a primeira atleta a conseguir tal proeza.
Mas quando se vê Rojas a subir ao lugar mais alto do pódio com o hino da Venezuela como som de fundo, não é só a atleta que salta mais do que todas que está ali. Está ali, também, a menina que outrora teve medo de tempestades. Que passou por dificuldades. E que, além de provar que nada é impossível, ainda pede para ninguém desistir do que mais gosta e acredita.
Nascida em 21 de outubro de 1995, em Caracas, Yulimar Rojas mudou-se muito nova para Puerto La Cruz por causa do emprego do padrasto, com quem mantém uma relação muito próxima e foi um autêntico pai para a atleta. A venezuelana vivia numa casa muito humilde mais os seus seis irmãos e tinha sempre muito medo das tempestades e que estas deitassem a casa onde a família morava abaixo - o que acabou por acontecer anos mais tarde, quando se mudaram. Rojas sempre foi muito hiperativa e acabou mesmo por ser o padrasto e ex-praticante de boxe, Pedro Zapata, que a levou para o mundo desportivo. "Ela era boa em tudo", contou em entrevista à AFP. Yulimar Rojas praticou muitas modalidades, como futebol e basquetebol, mas foi o atletismo que acabou por a conquistar.
Então com 14 anos, a atleta entusiasmou-se com a seleção de voleibol durante os Jogos Olímpicos de Pequim mas, quando se quis juntar a uma equipa descobriu que não havia treinadores de voleibol, apenas de atletismo, que perceberam logo o potencial da venezuelana - na altura já media 1,92 metros. E, claro está, não se enganaram. Tanto que, em 2014, Rojas venceu os jogos sul-americanos no triplo salto e decidiu logo dedicar-se à modalidade. "Apaixonei-me completamente e foi a melhor decisão que podia ter tomado", contou.
Um pedido que lhe mudou a vida
Em 2015, a atleta estava no Facebook quando recebeu uma sugestão de amizade: Ivan Pedroso, antigo campeão olímpico do salto em comprimento. Fã incondicional do cubano, Rojas decidiu mandar-lhe uma mensagem para demonstrar a admiração e pedir para ser treinada por ele. E não podia ter ficado mais contente com a resposta, já que o antigo atleta admitiu que já seguia o trabalho da venezuelana há algum tempo e estava "impressionado". Desde então, nunca mais deixaram de trabalhar juntos e está no Barcelona desde 2016. E desta dupla resultaram grandes sucessos. Em 2017, Yulimar conquistou o primeiro título mundial da carreira e para a Venezuela, quando antes, em 2016, tinha assegurado a prata nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, apenas atrás da colombiana Caterine Ibarguen.
A consagração - como se ainda fosse precisa - viria mesmo em 2020, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, quando Yulimar Rojas se tornou na primeira mulher venezuelana a conquistar o ouro, à frente de Patrícia Mamona - que conseguiu saltar mais de 15 metros - e da espanhola Ana Peleteiro. Rojas saltou a impressionante marca de 15,67 metros, ultrapassando o recorde mundial de 15,50 metros de Inessa Kravets. Um salto que viria a ser ultrapassado pela própria no Campeonato Mundial Indoor de Atletismo, em março, ao conseguir a marca de 15,74 metros.
Marca para ultrapassar
Antes de mais uma prova nos Estados Unidos, Rojas, que não se inibe de dar opiniões políticas e é uma grande defensora dos direitos LGBT, fez questão de deixar mensagens inspiradoras nas redes sociais, a pedir para ninguém desistir dos sonhos. "Dentro de mim havia uma força de superação, que me levava a treinar todos os dias. Onde quer que estejam, quero que saibam que nenhum sonho é grande demais, nenhum caminho se faz da noite para o dia. Sigam os vossos sonhos, confiem sempre", escreveu no Twitter.
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Rojas acabou por arrecadar o ouro com o salto de 15,47 metros mas, apesar da boa marca e do título, a venezuelana não escondeu que quer mais. "Sei que posso fazer melhor. Saltar 16 metros é o meu objetivo e tenho de fazer uns ajustes para o conseguir. Espero mesmo fazer melhor para a próxima. Hoje, não foi um dos meus melhores dias", disse a atleta em declarações ao "Mundo Deportivo". Então se fosse...