O lutador português de MMA (sigla inglesa para Artes Marciais Mistas) que morreu, em 2016, dois dias depois de um combate na capital irlandesa sofreu 41 golpes na cabeça.
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A causa da morte de João Carvalho, também conhecido por "Rafeiro", foi revelada esta quinta-feira à noite, por um tribunal de Dublin. O lutador português morreu na sequência de um hematoma subdural agudo, provocado por trauma de força contundente na cabeça, escreve o "RTÉ", que adianta que a vítima foi atingida por 41 golpes na cabeça.
De acordo com a patologista Marie Cassidy, citada pelo mesmo jornal irlandês, as lesões provocaram hemorragias dentro do crânio do lutador, que se revelaram fatais.
João Carvalho, de 28 anos, morreu no hospital, dois dias depois de participar no combate "Total Extreme Fighting", no National Boxing Stadium, a nove de abril de 2016. Segundo o "The Irish Times", o árbitro do combate parou a prova no terceiro "round", ao aperceber-se que João Carvalho "parecia exausto". Em tribunal, disse que o confronto foi "intenso" e que os "golpes pesados" não eram incomuns. "Talvez a rapidez (com que os golpes eram desferidos) fosse incomum", afirmou.
O irlandês Charlie Ward, que lutou com João Carvalho no último combate do português, disse que a vítima cambaleou para o outro lado do recinto de luta ao ser atingida. "Eu golpeei-o várias vezes e, de seguida, o árbitro interrompeu", explicou. No final da prova, ambos terão conversado sobre o evento.
Dez minutos depois, João Carvalho começou a perder a consciência. A assistência médica foi dada pela EventMed, que dá apoio em eventos na capital irlandesa. Havia três médicos e uma ambulância da Cruz Vermelha. Segundo o motorista do veículo, Lawrence Fitzpatrick, a sala médica "era pequena e estava cheia de gente", e o corredor por onde a maca passou tinha pouco mais de 90 centímetros. "A maca estava lá mas os médicos não conseguiam tirá-la da sala, porque as pessoas estavam de pé a olhar", esclareceu em tribunal. Dentro da ambulância, João Carvalho foi transportado no chão. Uma situação "inédita" para a qual Fitzpatrick terá alertado na altura.
O júri considerou que a morte foi um infortúnio e recomendou a criação de um organismo nacional para as MMA, de forma a estabelecer regras de segurança para este tipo de combates, nomeadamente o envolvimento de profissionais de saúde qualificados, sugerindo que se repliquem as condições implementadas para o boxe profissional.
A família de João Carvalho vai agora avaliar a possibilidade de lançar uma ação civil para obter uma indemnização.