O relatório preliminar do LNEC ao incidente verificado na bancada do estádio António Coimbra da Mota garante que os adeptos do F.C. Porto não correram perigo, mas observa que "é necessário um apuramento das causas das anomalias verificadas" na laje térrea "para se julgar sobre a evolução da segurança" da estrutura.
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"Embora, até à data, não existam indícios de comportamento deficiente da estrutura da bancada, é necessário um melhor apuramento das causas das anomalias identificadas para se julgar sobre a evolução da respetiva segurança", concluem e recomendam os técnicos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
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Os técnicos recomendam "ações a realizar de imediato", incluindo "a demolição controlada da laje térrea do interior da bancada" e "um plano de nivelamento geométrico" da base da estrutura, de que dependerá a emissão de novo parecer. Isto é, o LNEC só aprovará a bancada após a verificação das boas normas de construção. O mesmo para o projeto de reabilitação da zona interior da bancadas, que, insistem os peritos, "deverá ser baseado num reconhecimento prévio das condições do aterro de fundação e dos fenómenos nele em curso".
Com este parecer, levanta-se a impossibilidade de a bancada ser aberta ao público nos próximos jogos, o que poderá levar o Estoril e a procurar outro estádio para a realização dos desafio caseiros que se aproximam. Antes de nova visita do F.C. Porto, agendada para 21 de fevereiro, para a realização da segunda parte do jogo interrompido ao intervalo, o Estoril receberá outro "grande", o Sporting, no início do próximo mês (a 3 ou 4, conforme os leões cheguem ou não à final da Taça da Liga).
Por outro lado, o parecer do LNEC pode ser determinante para a avaliação e aplicação dos Regulamentos da Liga, que prevêem, nomeadamente no artigo 94.º, a atribuição de derrota ao clube da casa se este for considerado imputável pelo incidente. Ora, e ainda que o parecer do LNEC não seja definitivo, a Câmara de Cascais, dona e zeladora do recinto, descarta qualquer responsabilidade pelo sucedido, assim como absolve o Estoril, locatário do estádio, até porque as perícias do LNEC dizem que "o incidente" foi produzido exatamente ao intervalo do jogo com o F.C. Porto e que, além de não se lhes verificarem qualquer relação causa-efeito, os danos anteriores também detetados nas vistorias "são de reduzida expressão, não indiciando que a segurança da estrutura da bancada estivesse comprometida".
"Isto dissipa todas as dúvidas. [...] Juntamente com toda a informação urbanística que já compilámos, assim como o levantamento do desenvolvimento histórico do estádio e de toda a zona envolvente, tomarei uma posição pública na próxima semana", lê-se em comunicado divulgado nesta sexta-feira e assinado pelo presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras.
O LNEC cita, ainda, o relatório de ocorrência da Liga, que não é público. Segundo o parecer dos técnicos, este documento "menciona o seguinte": "Questionado pelos delegados da Liga, o Comandante da Força Policial referiu que tal situação se deveu ao pânico instalado entre os adeptos, os quais afirmavam que sentiam a bancada a ceder, tentando sair de imediato da mesma [...]".