Adeptos do clube de Madrid, demasiado à Esquerda, correm com o reforço de inverno, o atacante internacional ucraniano, demasiado patriota para o gosto dos "inchas". Uma incompatibilidade insanável, que levou Roman Zozulya a fugir do treino e a voltar ao Bétis a toda a pressa.
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Na Ucrânia chamam-lhe "o herdeiro de Shevchenko", tal a fama e o proveito de golos que granjeou no Dnipro e que lhe valeu a transferência para o Bétis, no último verão. Não singrou na Andaluzia e estava, agora, para ser emprestado ao Rayo Vallecano. Estava... Os adeptos deste clube de bairro madrileno, um antro de extrema-esquerda, não gostaram de saber que o bom do Roman Zozulya andou pelo Twitter a posar em farda militar do exército ucraniano e a armar-se em patriota. Correram com ele logo no primeiro treino...
Uma vez na Net, para sempre da Net. Se não o sabia, o futebolista internacional ucraniano de 27 anos já terá aprendido a fábula digital dos tempos modernos. Romam Zozulya foi tramado pelas fotos em tempos publicadas nas redes sociais, nas quais se exibia em pose militarista e com comentários demasiados xenófobos para o gosto dos adeptos do Rayo, que logo compareceram no treino da última quarta-feira para dar as "boas-vindas" ao craque emprestado pelo Bétis até ao final desta temporada. Roman viu logo no que se meteu e não esteve mais que um quarto de hora em Vallecas. Abandonou o treino a toda a pressa e meteu-se novamente a caminho de Sevilha.
Já nesta quinta-feira, entretanto, o Bétis mandou dizer que o empréstimo do jogador se mantém e que se aguarda que o ambiente esteja mais sereno para que a o jogador possa instalar-se de vez no popular clube de Madrid, que anda a lutar pela sobrevivência na segunda liga espanhola.
O tempo necessário para acalmar os adeptos do Rayo também dará para conhecer melhor o goleador distinguido no Dnipro Dnipropetrovsk e na seleção da Ucrânia, onde se revelou o craque e a personalidade de um tipo nada bom de assoar, como se viu num jogo da fase de qualificação para o último Europeu. No Montenegro, agrediu um rival com uma cotovelada, quando o resultado ainda estava a 0-0, e deixou a seleção ucraniana com dez. Mesmo assim, a Ucrânia ganhou 4-0. Roman não se desfez e até reclamou méritos no triunfo: "A minha expulsão foi o eletrochoque que acordou os meus colegas para a vitória".
A alta voltagem já lha conheciam lá na Ucrânia, onde Roman nunca escondeu ser adepto da corrente nacionalista. Entre os amigos e mesmo em público, nas redes sociais, nunca escondeu a simpatia pela extrema-direita ucraniana nem se coibiu de tomar posição contra o grande vizinho da Rússia, durante o conflito que opôs os dois países. Frequentemente, posou com personalidades controversas da extrema-direita ucraniana, amigas da ideologia nazi, que o craque tem por "combatentes da liberdade".
O futebolista, já se vê, tem personalidade vincada, mas não levantou ondas na chegada ao Bétis. Também não se deu por ele nos relvados, ao ponto de o clube de Sevilha ter decido emprestá-lo ao Rayo Vallecano. E olha onde foi parar, a um clube historicamente ligado à Esquerda e mesmo à extrema-esquerda. Roman ainda escreveu uma carta aberta aos adeptos do Rayo, explicando que não era nazi, "só um patriota orgulhoso", mas a "inchada" do clube madrileno não esteve pelos ajustes. Os clubes e o próprio jogador ainda querem observar o acordo, mas o casamento parece mesmo impossível.
