Melhor jogador do Mundo fecha capítulo de ouro na quinas e vive "um dos dias mais duros da carreira, mas também de maior orgulho". Prossegue a carreira no ACCS, de França. "Ainda tenho alguns anos para dar nos clubes", disse
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É oficial. Ricardinho, considerado o "Mágico do Futsal" e eleito por seis vezes o melhor do Mundo, anunciou, hoje, a decisão de deixar a seleção nacional. A decisão foi revelada na Cidade do Futebol, na companhia do selecionador Jorge Braz, do presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, e vários colegas da seleção.
Logo pela manhã, através do Twitter, Ricardinho deu a entender que estaria de saída da equipa das quinas. "Hoje vai ser um dos dias mais duros da minha carreira desportiva, mas também de maior orgulho!", escreveu.
"Vim anunciar um final de um ciclo. Foi uma caminhada incrível, inesquecível, comecei com 16 anos, não sabia que o caminho ia ser tão perfeito, obviamente, com altos e baixos, como em tudo na vida. A perda do Europeu, na Hungria, foi um dos episódios. Nos últimos dois anos, tive uma saída triste de Espanha, um projeto pessoal falhado em França, tive das lesões mais graves que se pode ter no desporto", contou o jogador.
"Vou dizer um até já à seleção. É hora de dar o lugar aos mais novos. Espero que entendam esta decisão e que se orgulhem de mim", disse o jogador, em lágrimas.
Aos 36 anos, Ricardinho foi um dos heróis na recente conquista do mundial de futsal, na Lituânia, depois de também ter estado na epopeia que levou à vitória no Europeu, na Eslovénia.
O ala atravessou um período muito difícil para estar presente no Mundial, tendo recuperado de uma grave lesão que, inclusive, o afetou a nível mental, como o próprio confidenciou.
Embaixador vitalício
O presidente da FPF, Fernando Gomes, preferiu falar do "homem e do que nos ensinou o Ricardo". "Fora da quadra é um motor de ignição para os praticantes. Será embaixador vitalício da seleção e peço-lhe que nos permita ter a última internacionalização num jogo especial".
O selecionador Jorge Braz, de voz embargada, dirigiu-se ao "Mágico". "Foram 11 anos a aturar-te, que privilégio. O teu legado é o maior exemplo que pode existir".
Ricardinho esclareceu que irá prosseguir a carreira fora da seleção. Atualmente, o jogador representa o ACCS, de França, que foi relegado na secretaria à segunda divisão. "Acho que ainda tenho alguns anos para dar ao futsal nos clubes. Continuo a sentir-me útil, mas há um momento na nossa vida que temos de saber dar o lugar aos outros. Senti um grande desgaste mental nos últimos anos e este passo lado não é fraqueza. Não estou doente, mas neste momento preciso de tempo para mim, para recuperar força e energia e ir treinar e não ir apenas para o treino. Foi uma decisão muito ponderada, falei com a família, selecionador e muitos amigos".
No fecho do anúncio, o jogador recebeu das mãos de Fernando Gomes e Jorge Braz uma camisola da seleção. Com o nome "Mágico" gravado nas costas, pois claro.