Miguel Heitor, natural de Almada, é o diretor de desenvolvimento do futebol da Qatar Stars League e orgulha-se da progressão verificada no país desde que chegou em 2007. "Temos tido muitos resultados positivos a nível desportivo que são fruto do nosso trabalho: em 2011, o Al Sadd conquistou a Liga dos Campeões asiática e, em 2019, o Catar sagrou-se campeão asiático".
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O português, de 47 anos, explicou ao JN o trabalho que levou o país a atingir um patamar elevado. "Nos últimos 12 anos, sou o responsável pela implementação de estruturas que permitem captar o rendimento e a performance a nível físico e tático dos jogadores. Instalámos sensores e câmaras em todos os estádios e os nossos relatórios são partilhados com todos os clubes e com a seleção".
Antero Henrique é outra das faces da Liga catari. "É diretor técnico, é uma pessoa experiente a nível de futebol, esteve no F. C. Porto, e também no PSG. Muito competente na área técnica, vai com certeza ajudar a longo termo, as coisas não acontecem logo".
Miguel Heitor recordou os portugueses que já estiveram no emirado. "Nunca houve muitos, agora estão os futebolistas Rúben Semedo e o João Teixeira. O primeiro foi o Dominguez, juntamente com o treinador Augusto Inácio, em 2003, depois veio o João Tomás. Outros treinadores estiveram no Catar, casos de Pedro Caixinha, Luís Castro, Rui Faria e Jesualdo Ferreira, uma referência. Todos ensinaram algumas coisas".
Apesar das boas infraestruturas, há limitações. "Uma delas são os recursos humanos, em termos de atletas, não podemos esquecer que, quando aqui cheguei, o Catar tinha perto de 800 mil habitantes. Os futebolistas são elementos superimportantes para o desenvolvimento do futebol. As vantagens são as condições de topo, há relvados para serem utilizados no inverno e outros no verão", explicou.
No plano pessoal, é feliz no país e acrescentou que os cataris adoram Portugal. "É um orgulho enorme estar a viver o Mundial num país que me acolheu muito bem e à minha família. O Ronaldo é um fenómeno, vi ao vivo o jogo com o Gana, e todos sentiram a vibração que trouxe ao campo. Em geral, as pessoas estão a par do futebol português e dos seus clubes. Não conhecem só os três grandes, sabem que é o Braga e o V. Guimarães, por exemplo.