Físicos defenderam, em Paris, a construção de uma nova geração de máquinas.
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Os cientistas envolvidos no projecto do maior acelerador de partículas do Mundo defendem a construção de uma nova máquina, ainda maior, com verbas oriundas de parcerias internacionais. Ao invés de fazer as partículas circularem pelo interior de anéis enormes, como fazem as principais máquinas actuais, os cientistas querem uma nova geração de aceleradores lineares, que disparem as partículas em linha recta.
Dependendo de quem quiser abrigar o equipamento e de quanto eventuais interessados estiverem dispostos a pagar, o colisor poderia ser construído em qualquer parte do Mundo. Japão, Rússia, Estados Unidos e Suíça são possíveis candidatos, mas cientistas da China, Índia, Canadá e de outros países também devem tomar parte no projecto, afirmou Bary Barish, director de um dos novos projectos propostos de colisor.
Cientistas reunidos em Paris mostraram-se encorajados pelos resultados do Grande Colisor de Hádrons (LHC, pelas iniciais em Inglês), avaliado em 10 mil milhões de dólares, um laboratório de Física de partículas construído nos arredores de Genebra. Um colisor menor, o Tevatron, é administrado pelo Fermilab, na região de Chicago. Ambas as máquinas são altamente complexas e precisaram de anos para ficarem prontas.
Rolf Heuer, chefe do CERN - a organização europeia responsável pelo LHC - afirmou estar "bem feliz" com o que foi descoberto até agora no LHC. A máquina está a abrir "uma nova era de pesquisas", afirmou. Apesar disso, defendeu que um novo colisor linear será necessário. É a "interacção e a combinação de resultados" entre os dois diferentes tipos de aceleradores que permite o avanço da física de partículas.
Durante a 35.ª conferência internacional sobre Física de Altas Energia, em Paris, os participantes concluíram que o desempenho registado pelo LHC foi "mais rápido do que o previsto". Em quatro meses, a taxa de colisão foi multiplicada por um factor 1000. Os sensores que registam os dados (trajectória das partículas após a colisão, a sua natureza e massa) superaram, também, todas as expectativas.
"Se a natureza for cooperante, será possível fazer descobertas no próximo ano. Caso contrário, pode demorar até 2015", precisou Guy Wormser, presidente da conferência.
"O que é excitante é o potencial de descobertas durante um período de quatro anos", explicou.
Partindo destes grandes avanços, os investigadores do acelerador de partículas sonham já com uma máquina mais potente que os ajudaria a desvendar os segredos do Universo, entre os quais o misterioso bosão de Higgs ou "partícula de Deus".
Os físicos pensam, agora, na máquina que permitirá observar em pormenor as novas partículas que sejam descobertas pelo LHC. "Devemos nos antecipar, porque demora 20 anos a construir e custa 10 mil milhões de euros. Não se pode criar um vazio de 20 anos, durante os quais as pessoas vão embora e perde-se competência", explicou Wormser.