Dois engenheiros dinamarqueses preparam-se para lançar, em breve, um foguetão a partir de uma plataforma flutuante no Mar Báltico. Trata-se de uma nave construída manualmente com apenas 64 centímetros de largura, desenhada para levar um ser humano para o espaço, até 30 quilómetros de altitude. Neste primeiro voo experimental, a nave levará um boneco.
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Kristian von Bengtson e Peter Madsen são dois engenheiros dinamarqueses que se propuseram colocar, pelos próprios meios, um ser humano em órbita. Para tanto, criaram um projecto denominado Conpenhagen Suborbitals, uma iniciativa privada sem fins lucrativos, levada a cabo por entusiastas da exploração espacial. O projecto já leva seis anos de muita investigação e trabalho. O objectivo é provar que o espaço não precisa de ser do domínio exclusivo de investimentos bilionários, em que tudo é feito em titânio em salas limpas por pessoas usando chinelos. "Queremos dar uma outra visão do espaço", afirmaram.
Até agora, realizaram-se várias provas e uma tentativa de lançamento do HEAT 1-X, versão preliminar do lançador suborbital HEAT-4, com o qual se planeia lançar uma pessoa em trajectória suborbital, muito embora, primeiramente, a experiência vá ser realizada recorrendo a um manequim. Calcula-se que o HEAT 1-X possa subir até 30 quilómetros de altitude. Denominado HEAT (Hybrid Exo Atmospheric Transporter - transportador exoatmosférico híbrido), trata-se de um lançador de um nível que emprega um sistema de combustível híbrido: utiliza oxigénio líquido e um epóxido (sólido). A opção por este sistema simplifica o desenho do foguetão e do sistema do motor. Além do mais, estes combustíveis são relativamente fáceis de manejar e não apresentam toxidade e perigos adicionais.
O HEAT tem uns oito metros de altura e um diâmetro de 64 centímetros. Custa imaginar uma nave espacial tripulada com estas dimensões, mas os engenheiros dinamarqueses acreditam no êxito do projecto. O HEAT funcionará durante 60 segundos e proporcionará um impulso de 40 quilómetros. Isso irá permitir-lhe alcançar o limite exterior da atmosfera e colocar a nave tripulada em trajectória parabólica, para um voo suborbital. Com o lançamento da nave, os engenheiros colocarão a Dinamarca no grupo dos quatro países do Mundo que enviaram humanos para o espaço.
O projecto conta com um investimento de 50 mil euros oriundos, exclusivamente, de doações públicas e dos patrocinadores. O custo equivale a 0,02% do valor de uma missão da NASA. "Penso que o nosso orçamento pagaria à justa o custo do buraco da fechadura do space shuttle", explicou Kristian von Bengtson. "Vai ser um dia em grande, para nós, o do lançamento do foguetão. Construímos o projecto com a maior abertura possível. As pessoas deram sugestões através da nossa página na Internet e algumas ofereceram-se como voluntárias para trabalharem connosco. Foi uma espécie de esforço colectivo", referiu.