
Universidade de Macau: um parceiro global no ensino, investigação e desenvolvimento
A partir de fevereiro do próximo ano, há uma universidade pronta a receber estudantes vindos de todo o mundo, incluindo Portugal.
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A pandemia colocou desafios sem precedentes à escala global e a todos os níveis. Para as instituições de ensino superior, obrigou à adoção de uma nova realidade. As aulas online, fruto da situação pandémica, prolongaram-se no tempo, dificultando o regresso de estudantes internacionais às salas de aula. Todavia, já é bem visível a luz ao fundo do túnel.
A Universidade de Macau (UM) vai retomar todos os intercâmbios de estudantes internacionais no segundo semestre do ano letivo de 2022/2023. Os países de língua portuguesa ocupam centralidade nesta estratégia global, que tem posicionado a instituição de ensino a nível mundial e como um polo de investigação e desenvolvimento de ponta, ascendendo assim a novos patamares nos círculos académicos internacionais.
A reabertura da instituição a alunos de todo o mundo é um dos pontos-chave de uma estratégia de internacionalização que a UM tem vindo a desenvolver. Na opinião de Rui Martins, professor e Vice-reitor para os Assuntos Globais, tem sido uma trave-mestra para o crescimento da universidade, desde que assumiu o cargo em 2018.
"Definimos a nossa estratégia com o intuito de aumentar a nossa atratividade para estudantes internacionais, incluindo através da oferta de bolsas e isenções de propinas. Em 2019, o número de estudantes internacionais cresceu 30%", afirma.
Apesar de a pandemia ter atrasado a execução desse plano, Rui Martins garante que "está agora em plena implementação" e acrescenta que a "universidade vai redobrar esforços para expandir a sua internacionalização através do recrutamento de estudantes, projetos de colaboração ao nível da investigação e desenvolvimento e programas de intercâmbio".
Olhos virados para além-fronteiras
Desde o seu estabelecimento há mais de 40 anos, a UM tem vindo a afirmar-se como uma instituição de ensino e investigação de referência, não apenas na área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau (GBA), mas também à escala global.
A Universidade de Macau tem firmadas parcerias com mais de 320 instituições de ensino superior em mais de 30 países e regiões. Ao todo, assinou acordos de intercâmbio de estudantes com mais de 150 instituições de ensino superior em 24 desses países e regiões.
Este posicionamento foi conseguido através de uma aposta forte e com resultados concretos no registo de patentes, publicações em revistas científicas de primeira linha e, cada vez mais, em contratos que traduzem a investigação e desenvolvimento em projetos industriais tangíveis, resultando de uma relação cada vez mais profícua entre a academia e a indústria.
A Universidade de Macau (UM) vai retomar todos os intercâmbios de estudantes internacionais no segundo semestre do ano letivo de 2022/2023.
Ao mesmo tempo que contribui para o desenvolvimento da Universidade de Macau como uma instituição pública abrangente e diversificada, a UM tem estado focada em atrair estudantes do interior da China, designadamente da Área da Grande Baía (GBA). Prova disso é que, no ano passado, os intercâmbios com instituições desta região do país foram retomados.
A Universidade de Macau também está a intensificar os esforços para recrutar estudantes de outras partes da Ásia, nomeadamente do "Japão, Coreia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Indonésia", afirma o Vice-reitor para os Assuntos Globais da instituição. "Não temos restrições", assegura Rui Martins.
Atualmente, a universidade conta com 12.610 alunos. A maioria, 7.450, está inscrita nas licenciaturas. Uma fatia destes estudantes, 20%, vem de fora de Macau. Já nos mestrados, há 3.352 alunos, dos quais 40 a 50% não são locais. Por outro lado, os doutoramentos recebem 1.808 alunos, incluindo 20% de estudantes vindos de outras partes do mundo.
A chave para uma universidade atrativa
A manutenção da atratividade da UM está intrinsecamente ligada à sua posição nos rankings internacionais. "Nos últimos dois anos", observa o Vice-reitor para os Assuntos Globais, "mantivemos uma posição entre 201 e 250 no Times Higher Education World University Rankings". Este ranking coloca a Universidade de Macau "entre as 20 melhores universidades da China", incluindo Hong Kong, afirma Rui Martins. Tal reconhecimento reflete-se na atração de estudantes de topo do interior da China, que poderiam escolher instituições de renome como alternativa.
Estes desenvolvimentos enquadram-se numa estratégia mais ampla da universidade, que tem um foco local e regional na GBA, sem perder de vista o plano internacional.
"Este é o nosso foco principal: oferecer os nossos cursos e dinamizar investigação a nível local, regional e nacional. Mas sempre sem perder a componente cosmopolita que passa pela universidade e sem deixar de cooperar e colaborar à escala global", alerta o Vice-Reitor para os Assuntos Globais.
"A este respeito temos um espaço natural e um foco particular nos países de língua portuguesa e também, mais recentemente, no Reino Unido, onde também estamos a lançar alguns programas", assinala Rui Martins.
O papel da UM na ligação de universidades da China continental e Macau com os países lusófonos tem sido uma componente fundamental da identidade da instituição de ensino superior, bem como um aspeto central no seu desenvolvimento global.
Uma entidade-chave nesta dinâmica é a Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP). Trata-se de uma instituição na qual a UM tem participado ativamente, tendo ocupado a presidência durante três anos. Atualmente, a universidade desempenha as funções de vice-presidência.
Além disso, a Aliança Bibliotecária Académica - entre a RAEM, na China, e os Países de Língua Portuguesa -, Aliança de Bibliotecas Académicas para os Recursos da Língua Portuguesa - entre a Região Administrativa Especial de Macau e a China Continental -, a Aliança de Investigação Científica Oceânica - entre a China e os Países de Língua Portuguesa - são algumas das principais iniciativas que a UM tem vindo a promover para unir as universidades chinesas e lusófonas. No quarto trimestre de 2023 estão previstas conferências presenciais envolvendo estas alianças.
Investigação e desenvolvimento de ponta
Rui Martins, Vice-reitor para os Assuntos Globais, nota que a investigação na UM está essencialmente concentrada em três grandes áreas.
Essas áreas de investigação dividem-se, em "três laboratórios de referência do Estado, aprovados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia", diz o professor.
O primeiro é o Laboratório para Investigação de Qualidade em Medicina Chinesa, "onde somos os líderes mundiais nessa área com a China", informa Rui Martins.
Segue-se o Laboratório em Circuitos Integrados em Muito Larga Escala Analógicos e Mistos, onde a UM desenvolve a sua investigação ao nível da microeletrónica.
Por último, existe o Laboratório da Internet das Coisas para a Cidade Inteligente, "que visa desenvolver aplicações exemplares da cidade inteligente", explica o Vice-reitor para os Assuntos Globais da UM.
O Vice-reitor observa ainda que o Laboratório de Microeletrónica da UM poderá ser considerado o melhor do mundo. A acontecer, este reconhecimento será dado na 70.ª edição da Conferência Internacional de Circuitos de Estado Sólido (ISSCC) em São Francisco, nos Estados Unidos da América, em 2023.
"Se falarmos da Universidade de Macau em qualquer areópago da eletrónica, toda a gente a conhece, e isto é importante porque 70% do seu pessoal é local. Estes profissionais foram formados em escolas de Macau e completaram o doutoramento na UM, estando a competir internacionalmente ao mais alto nível", observa o professor.
