O presidente do conselho de administração da Rioforte, Manuel Fernando Espírito Santo, justificou a integração da área financeira do GES debaixo da "holding" Rioforte, que era só da área não financeira, como uma tentativa de salvar o grupo.
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"Acreditei que a Rioforte era a solução para salvar o grupo. Tinha as contas auditadas. Era uma empresa jovem e limpa e, em termos de 'governance', tinha tudo o que era necessário", afirmou o responsável na sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.
Contudo, segundo o antigo administrador não executivo do BES, "não foi possível fazer o aumento de capital da Rioforte que estava no plano de recuperação por exigências das autoridades luxemburguesas".
Manuel Fernando Espírito Santo sublinhou que "sempre houve em toda a vida do grupo uma separação entre a área financeira e não financeira".
Porém, no início deste ano, a área financeira (que estava sob a alçada do Espírito Santo Financial Group) foi integrada por baixo da Rioforte, que até então era a 'holding' do Grupo Espírito Santo para a área não financeira.
"Só com os problemas da ESI [Espírito Santo International] é que a Rioforte passou a ser a 'holding' de topo", admitiu.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de novembro e tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
Os trabalhos têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".
A 03 de agosto passado, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.