Associação Empresarial apresenta, esta terça-feira, um estudo com diagnóstico do setor e propostas para o futuro.
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Combater a escassez de mão de obra qualificada, através de uma aposta na requalificação dos recursos humanos e de incentivos à natalidade que permitam inverter o saldo natural negativo do país e aumentar a população ativa, reindustrializar o país, desburocratizar o acesso a fundos comunitários e reduzir a carga fiscal sobre as empresas e o IRS em salários médios, altos e de trabalhadores jovens. Estas são algumas das propostas da Associação Empresarial de Portugal (AEP) para "desbloquear o potencial de crescimento" económico do país ao longo desta década.
As medidas sugeridas constam no estudo "Do Pré ao Pós-Pandemia - Os novos desafios", que será apresentado hoje no âmbito das comemorações dos 173 anos da associação. O documento, ao qual o JN teve acesso, traça o diagnóstico socioeconómico da última década, analisa o período pandémico e aponta um leque de propostas para a década.
Com a implementação das medidas, o objetivo é "recolocar Portugal, pelo menos", entre os "15 países mais ricos da União Europeia em 2030". Entre as propostas, a AEP destaca a necessidade de aumentar o peso do investimento e das exportações no PIB sem alterar o peso das importações. Sublinha ainda a importância da aposta na reindustrialização e em "sistemas portuários, aeroportuários e de plataformas logísticas eficientes", bem como a desburocratização do acesso a fundos comunitários, cujos concursos "devem estar abertos em contínuo".
Aliviar a carga fiscal e tributária das empresas é outra das medidas sugeridas. Neste domínio, entre outras coisas, a AEP propõe a eliminação da derrama e a redução da carga fiscal sobre o trabalho, nomeadamente ao nível das contribuições dos empregadores e do IRS sobre salários médios, altos e de trabalhadores jovens. Pede ainda a redução de impostos sobre a energia.
Promover a natalidade
"Temos das cargas fiscais mais elevadas da Europa. Só por aí dá para perceber a grande dificuldade que as nossas empresas têm ao nível da competitividade internacional. Estamos a absorver recursos das empresas que seriam importantes para investimento, para modernização e para melhorar a competitividade", referiu Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP.
Para fazer face à escassez de mão de obra, a AEP defende a "promoção mais eficaz da natalidade" de forma a inverter o saldo natural negativo e a queda da população ativa. O estudo destaca ainda como externalidade positiva uma "maior sustentabilidade da Segurança Social". Questionado sobre se a solução poderia passar por aumentar a licença parental ou uma semana laboral de quatro dias, Luís Miguel Ribeiro admitiu que possa ser "tudo conjugado".
A AEP propõe ainda o reforço do saldo migratório positivo, com programas atrativos para o regresso de emigrantes ao país "com a experiência que já ganharam", bem como acordos internacionais para a captação de mão-de-obra especializada e políticas integradas capazes de reter e atrair talento. Em simultâneo, sublinhou Luís Miguel Ribeiro, é "fundamental" continuar a apostar na "qualificação e requalificação" dos recursos humanos. Na indústria transformadora, exemplificou o líder da AEP, mais de metade dos trabalhadores têm como habilitação o Ensino Básico.