A Moody's considera que o aprofundamento da consolidação orçamental levou a um aumento material da probabilidade da economia portuguesa voltar à recessão, mas considerou que Portugal está a responder de forma adequada às pressões dos mercados.
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Na sua nota de análise anual sobre Portugal, divulgada hoje, segunda-feira, a agência de notação financeira considera que a ampliação da consolidação orçamental "levou a um aumento material das probabilidades de nova recessão", mas diz que este aumento não pressiona excessivamente a nota atribuída a Portugal.
Para a agência, a grande preocupação são as perspectivas de crescimento de longo prazo.
"O reduzido crescimento irá agravar a debilidade das receitas do Estado, a menos que as recentes reformas estruturais comecem a dar frutos, limitando a capacidade do Governo de reverter a dinâmica adversa dos níveis de dívida", diz a agência de 'rating'.
A Moody's considera que Portugal tem respondido de forma adequada às pressões dos mercados e das exigências da Comissão Europeia, relativamente às metas estabelecidas, mas que, ainda assim, e apesar das medidas anunciadas na proposta de Orçamento do Estado para 2011 (e a 29 de setembro) a situação das finanças portuguesas deverá continuar a piorar.
"Os responsáveis tomaram medidas adicionais para assegurar que as metas de redução do défice são alcançadas, mais recentemente na proposta de Orçamento para 2011, e comprometeram-se a fazer mais se necessário", diz a nota.
"Ainda assim, espera-se que a posição financeira do Estado português continue a enfraquecer no médio prazo, como evidenciado pela deterioração em curso" dos principais indicadores, acrescenta a agência, citando o diretor associado da Moody's, responsável pela análise de Portugal, Anthony Thomas.
A agência não deixa no entanto de sublinhar que o acesso do Estado português ao financiamento nos mercados internacionais tem sido testado de forma severa, mas que tem conseguido até agora prosseguir com o seu programa de financiamento, à custa de taxas de juro algo superiores.