As medidas anunciadas no Plano Estratégico dos Transportes "não resolvem o problema de fundo das empresas". A acusação é feita pelo coordenador do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário.
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"A questão central é que estas medidas não resolvem o problema de fundo das empresas, o problema das empresas está no estrangulamento financeiro que elas têm pelo facto de ao longo dos anos os governos terem passado para estas empresas responsabilidades que a si lhes competia", defendeu o responsável pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, José Manuel Oliveira.
O sindicalista lembrou que só em 2010 a CP "pagou 160 milhões de euros em juros bancários num défice de 192 milhões" e relembrou declarações do presidente da empresa, José Benotiel, em que este afirmou que "só para pagar a divida a CP precisa de 11 anos de receita de bilheteira".
"Num quadro de eventual privatização, as empresas vão ser privatizadas mas o Estado assume o passivo, portanto o ónus e os custos e o problema que está na base da difícil situação das empresas mantém-se e será sempre pago por todos", sublinhou.
O jornal "Sol" avançou, esta sexta-feira, que o Governo de coligação PSD/CDS vai efectuar um "corte drástico" no sector dos transportes, incluindo a fusão de várias empresas da área, um novo aumento de 10% nos preços ainda este ano, seguido de nova actualização em Janeiro.
Marques Mendes, ex-líder do PSD, anunciou que o executivo prevê a fusão da Carris com o Metro de Lisboa, da STCP com o Metro do Porto e das duas empresas de transporte fluvial em Lisboa, a Soflusa e a Transtejo.
O Plano Estratégico dos Transportes prevê igualmente a extinção do Instituto das Infra-Estruturas Rodoviárias, do Instituto da Mobilidade e dos Transporte Terrestres e do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos que vão dar lugar a um novo organismo.
O plano determina que já este mês serão sujeitas a portagem as SCUT, vias sem custo para o utilizador, e que a construção do novo aeroporto de Lisboa será adiada, transferindo-se o tráfego das companhias de baixo custo para outro aeroporto de Lisboa.
Segundo o semanário, este plano permite "salvar 17500 postos de trabalho e reduzir o endividamento de 16,8 mil milhões do sector".