"As pessoas não vão dizer a verdade" na comissão ao caso BES, acusa Rendeiro
O ex-presidente do BPP, João Rendeiro, admitiu que tem acompanhado atentamente o desenrolar dos trabalhos da comissão de inquérito parlamentar ao caso Banco Espírito Santo (BES), considerando que as audições não têm sido pautadas pelo rigor e verdade.
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"Acho que as pessoas não vão lá dizer a verdade. Assumem uma postura muito defensiva", afirmou o antigo banqueiro, fundador do Banco Privado Português (BPP), que, a exemplo do Banco Espírito Santo (BES), também foi intervencionado pelas autoridades estatais, mas em 2008.
"Tenho achado que umas narrativas anulam as outras. E é nesse cruzamento de informações que é possível perceber o que poderá ter acontecido", realçou aos jornalistas Rendeiro, à margem da apresentação do seu livro "Arma Crítica", no Grémio Literário, em Lisboa.
Rendeiro considerou ainda que, face à importância do BES e do Grupo Espírito Santo (GES) na economia portuguesa, "é muito importante que aconteça a descoberta da verdade" sobre as razões que levaram ao colapso do império Espírito Santo.
Certo é que, segundo o responsável, que enfrenta diversos processos judiciais e contraordenacionais nos tribunais devido à queda do BPP, "a responsabilidade das pessoas que estavam à frente dos bancos" que faliram "é diferente".
E realçou: "Cada um tem que responder por si e a Justiça vai apurar responsabilidades".
Segundo Rendeiro, é importante distinguir "quem assumiu os problemas e colaborou com as autoridades, para resolvê-los, e quem os ocultou".
Sobre os processos que tem contra si, Rendeiro disse apenas aguardar "serenamente" pelos seus desenvolvimentos.