Associação de Consumidores rejeita abertura ao domingo por ser "prejudicial à economia"
A Associação de Consumidores de Portugal manifestou-se hoje, sexta-feira, contra a abertura dos hipermercados aos domingos, uma medida que considera "prejudicial à economia, aos trabalhadores e à família".
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"As catedrais do consumo passam a polarizar a vida de todos os dias", declarou à agência Lusa o jurista Mário Frota, membro fundador daquela associação com sede em Coimbra.
Em comunicado, a Associação de Consumidores de Portugal (ACOP) afirma que "a oferta de 5000 empregos é algo de irreal que só reforça a precariedade e a exploração".
"Não se ignora o que recebem por fim de semana os licenciados no desemprego que se aprestam a trabalhar nas caixas dos hipermercados a qualquer preço", acrescenta.
"Não acreditamos no número de empregos que esta solução visa criar", reiterou Mário Frota.
Na sua opinião, "isto tende a acentuar a precarização e a fazer atrair jovens desempregados em condições menos vantajosas".
"Acabe-se com a 'missa obrigatória' servida nos templos do consumo ao domingo e ver-se-á como podem melhorar as relações das pessoas e o reforço das ligações familiares", lê-se na nota.
Mário Frota salientou que a ACOP está "em absoluta sintonia com a Igreja, com a Confederação do Comércio e Serviços e com as federações das micro, pequenas e médias empresas quando rejeitam este modelo".
"Esquecemo-nos que na generalidade dos países europeus não há abertura dos hipermercados e das megasuperfícies, nem ao sábado nem ao domingo. Não queiramos ser pioneiros no que é mau", disse.
A ACOP rejeita o que define como "espécie de 'novo-riquismo económico' pós-moderno que ignora a realidade do país e das famílias e, sobretudo, das unidades de pequena dimensão que serão de todo afectadas pelo esvaimento dos orçamentos domésticos".
Na quinta feira, o Conselho de Ministros aprovou a fim da excepção do horário dos hipermercados.
Estes estabelecimentos comerciais poderão abrir normalmente ao domingo após publicação de uma portaria que regulamentará a decisão, cabendo depois às câmaras municipais fixar eventuais reduções de horário que se justifiquem.