A Renault está ao ataque da liderança do segmento C e disso é prova o Austral, o seu mais recente SUV, agora apresentado em Portugal. Com um desenho robusto e sem Diesel no horizonte, a aposta está nas motorizações híbridas e num elevado nível tecnológico, em especial no que à segurança diz respeito.
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Sendo o segundo veículo da chamada "Renaultion" (o primeiro foi o Mégane E-Tech Eletric), nota-se no Austral o esforço da marca francesa para atingir os níveis de notoriedade e vendas que lhe pertenceram num passado não muito distante. O que se traduz, igualmente, numa garantia de sete anos ou 150 mil quilómetros para veículos novos vendidos a particulares.
O Austral é um produto maduro - foram percorridos mais de dois milhões de quilómetros por 100 veículos durante testes em pista e estrada aberta, sendo ainda utilizados 170 protótipos -, com materiais e montagem de qualidade, um interior repleto de espaços de arrumação, boas cotas de habitabilidade e pormenores que facilitam a vida das famílias, como o banco traseiro que se desloca longitudinalmente 16 centímetros (de série a partir da versão Techno) ou um pequeno espelho integrado no porta-óculos junto ao retrovisor interior que permite ver as crianças no banco traseiro. Permite grandes tiradas sem esforço, em segurança e num silêncio aqui e ali beliscado por alguns ruídos aerodinâmicos.
A dotação em equipamento também está em bom nível desde a versão de entrada, a Equilibre, disponível a partir dos 34.200 euros, que já inclui faróis LED, sistema openRlink (sem navegação, com ecrã central de 9 e monitor do quadro de instrumentos de 12 polegadas, Android Auto e Apple Car Play e ar condicionado automático bi-zona.
No topo está E-Tech Full Hybrid Esprit Alpine (nível de equipamento mais elevado, substituindo a Initialie), que custa desde os 46.850 euros e tem, por exemplo, regulador de velocidade adaptativo inteligente com sistema de assistência para manter o veículo no centro da via, o estacionamento em mãos livres ou alerta de obstáculo traseiro com travagem ativa de emergência em manobras de marcha atrás. Esta versão dispõe, ainda de diversos apontamentos Alpine, como o volante em couro, apoios de cabeça com bordado Alpine, pedais de alumínio ou jantes de 20 polegadas.
Motorizações
A grande novidade no que diz respeito a motorizações dá pelo nome de E-Tech Hybrid, que usa um motor a gasolina de três cilindros, de 1,2 litros turbo, com 96 kW e 205 Nm de binário, associada a um motor elétrico (50 kW e 205 Nm), para uma potência combinada de 200 cavalos, 410 Nm de binário e consumos que comprovamos ser baixos, durante um trajeto com cerca de 280 quilómetros, entre Oeiras e Albufeira, alternando auto-estrada, estradas nacionais e de serra, em que o consumo final foi de 6,6 litros aos 100km.
Faltando um ensaio em circuito urbano, retemos o valor fornecido pela marca, que aponta para os 4,6l /100 km em circuito misto.
O eixo traseiro multilink e o sistema de quatro rodas direcionais, o 4Control Advance, asseguram ao Austral um comportamento rigoroso e uma agilidade insuspeita num SUV destas dimensões (4,51 metros de comprimento, 1,62 de altura, 1,83 metros de largura e com uma distância entre eixos de 2,67 metros).
Graças a um atuador de direção no eixo traseiro, o ângulo de direção máximo das rodas traseiras, girando em sentido contrário às dianteiras, é de 5°, permitindo um diâmetro de viragem entre passeios de apenas 10,1 metros, segundo a Renault.
Em curva (a partir dos 50 km/h e dependendo das configurações MULTI-SENSE escolhidas), as rodas traseiras também podem virar na mesma direção que as dianteiras.
As outras versões são Mild Hybrid, recorrendo a um motor a gasolina de 4 cilindros, com 1,3 litros turbo e injeção direta, já utilizado pela Renault noutros modelos e, frisa a marca, "desenvolvido em colaboração com a Daimler". É assistido por um motor de arranque/gerador e uma bateria de iões de lítio de 12V, disponibilizando 140 e 160 cavalos, e servido por uma caixa CVT (de variação contínua).
Consumos
Experimentámos a versão menos potente do Austral ao longo de alguns dias e se ficamos agrados com o comportamento (está equipado com um eixo de torção flexível) e conforto, esperávamos melhor da parte dos consumos, em especial na cidade, onde rodamos com médias de 9l/100km. Já em estrada conseguimos 7,5l/km em modo Comfort (existe ainda o Eco, o Sport e o Personalizado).
Também não gostamos da forma brusca como o Start & Stop atua, levando o carro a dar uma sacudidela que o faz o avançar. É melhor ter alguma atenção à distância para o carro da frente.
Em bom nível está o interior, bem acabado e com materiais de qualidade, a ergonomia e o sistema openRlink, com dois monitores em L invertido, de boa visibilidade e o principal, na consola central, muito responsivo e intuitivo, talvez por usar a navegação e serviços da Google, em tudo semelhante aos que usamos nos nossos smartphones com o sistema Android. Ou seja, a adaptação é quase imediata.
O OpenR Link está ligado à nuvem e pode evoluir ao longo do tempo, pois atualizações automáticas são enviadas através da tecnologia Firmware Over-The-Air (FOTA). Para as aplicações Google, não é necessária qualquer ação do utilizador para receber os últimos mapas e pontos de interesse e para as atualizações centrais do sistema basta aceitar a mensagem que aparece no ecrã.
A segurança também não foi descurada, e o Austral surge equipado com 32 (!) Sistemas Avançados de Auxílio à Condução (ADAS) divididos nas categorias de condução, estacionamento e segurança.
Destacamos o Cruise Control Adaptativo (ACC), que combina o reconhecimento da câmara frontal de sinais de velocidade com os dados do sistema de navegação, para escolher o limite de velocidade mais seguro ou a Assistência Ativa ao Condutor (Active Driver Assist), que usa dados de geolocalização e um mapa específico que integra rotundas e curvas apertadas, podendo desacelerar automaticamente o veículo ao aproximar-se de uma rotunda e depois voltar a acelerar até à velocidade máxima que circulava.
Mas o Austral também trava automaticamente em marcha-atrás se os sensores detetarem um obstáculo (peão, ciclista, poste...), estando está ativo entre os 3 e os 10 km/h e alerta para tráfego atrás. Deteta veículos em movimento a mais de 4 km/h quando o condutor começa a fazer marcha-atrás num local de estacionamento em que a visibilidade seja limitada (estacionamento perpendicular ou em espinha).
Além disso, o novo SUV da Renault dispõe, de série, de luzes dianteiras e traseiras 100% LED nos níveis Pure LED Vision, Adaptive LED Vision e Matrix LED Vision, com sinais dinâmicos de mudança de direção.
O Austral estará disponível em sete cores de carroçaria: "Glacier White" (branco), "Pearl White" (branco pérola), "Flame Red" (vermelho), "Iron Blue" (azul), "Diamond Black" (preto) e "Shale Grey" (cinzento). A versão Esprit Alpine também apresenta a cor exclusiva " Satin Shale Grey".
Os modelos das versões altas apresentam um acabamento bi-tom (também disponível como um extra opcional no nível de equipamento Techno), em que a cor "Diamond Black" é utilizada para o tejadilho, bem como antena de barbatana de tubarão, espelhos retrovisores exteriores, entradas de ar no pára-choques dianteiro e soleira das portas.
As jantes podem ir das 17 às 20 polegadas, a maioria das quais diamantadas.