Numa corrida em que o objetivo era gastar o menos possível, mantendo um andamento adequado ao fluxo de trânsito, um grupo de jornalistas e clientes provou que as autonomias anunciadas pelos fabricantes de automóveis elétricos não são tão irrealistas quanto isso. Usando Mercedes EQA 250, conseguiu-se superar em 49 quilómetros a autonomia declarada pela marca.
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A iniciativa, denominada Eco Race, e repartida por dois dias, consistiu em ligar as três instalações da Soc. Com. C. Santos - na Maia-Aeroporto, na Avenida da Boavista (Porto) e em Felgueiras - no tempo máximo de 2.30 horas e 1.50 horas, na ida e no retorno, respetivamente, numa distância de 142 quilómetros.
O percurso Maia-Boavista-Felgueiras era o mais longo (85 km) e com mais estradas nacionais e municipais, sendo também mais técnico, com bastantes curvas e inclinações mais fortes. Já o percurso entre o Monte de Santa Quitéria, em Felgueiras, e a Maia-Aeroporto (57 km) privilegiava as autoestradas.
Isso mesmo se notou-se nos tempos, com a viagem da manhã a ser percorrida em 2.15 horas e o regresso em cerca de 50 minutos. Além de limites de tempo, as equipas também eram obrigadas a manter uma velocidade mínima de 80 km/h na autoestrada e de 40 km/h nas estradas nacionais e municipais.
A melhor equipa percorreu os 142 quilómetros de apenas 14 KWh/100km o que, tendo em conta os 66,5 KWh capacidade de armazenamento de energia da bateria de iões de lítio do EQA 250, seria suficiente para uma autonomia total de 475 km, um número 11,5% superior aos 426 km anunciados pela marca (de acordo com o ciclo de teste WLTP). Aliás, todas as equipas do segundo dia da ação conseguiram consumos que lhes permitiram, em teoria, ultrapassar os 426 km de autonomia.
No dia anterior as três equipas ficaram abaixo daquela fasquia, mas todos os automóveis nesse dia tiveram velocidades médias superiores e os utilizadores optaram por seguir com o sistema de climatização ligado, e mesmo o consumo mais elevado (16,7 KWh/100) corresponde a uma autonomia teórica superior a 398 km, o que é apenas 6,5% inferior à autonomia média em circuito WLTP preconizada para o EQA.
"A Eco Race Mercedes-EQ by Soc. Com. C. Santos foi bem-sucedida. Foi possível comprovar que os automóveis 100% elétricos já são opção para um grande leque de utilizadores de automóveis, mesmo para aqueles que conduzem diariamente distâncias superiores à média da maioria dos automobilistas europeus. Esta é, recorde-se, de acordo com o Eurostat, inferior a 20 km diários", refere o Relações Públicas da empresa.
Maia adere à eletrificação
Adelina Rodrigues, chefe da Divisão de Energia e Mobilidade da Câmara da Maia, foi uma das participantes na corrida, e destacou que os resultados conseguidos em termos de autonomia revelam que "os veículos elétricos são, cada vez mais, uma alternativa válida aos carros com motor a combustão".
"Basta ter um pouco mais de cuidado no planeamento das viagens e a autonomia não é um problema. E iniciativas como esta, da C. Santos, são uma boa forma de promover a mobilidade elétrica e incentivar as pessoas a darem o seu contributo para a descarbonização do planeta", referiu Adelina Rodrigues.
E porque o esforço não pode ser só individual, aquela técnica revelou alguns dos esforço que estão a ser feitos pela Autarquia na descarbonização, começando pela frota automóvel do município.
"Cerca de 60% da nossa frota está eletrificada. Temos 47 viaturas elétricas (20 Smart, 11 Volkswagen ID-3 e 16 Renault Kangoo) e cinco híbridas plug-in (Mercedes). Só mantemos autocarros e viaturas operacionais (até 3500 quilos) com motores a combustão porque quando renovamos a frota ainda não havia oferta nesses segmentos", referiu ao JN.
Para os automobilistas com viaturas elétricas, a Autarquia está a ultimar as regras para a implantação de postos de carregamento, pois há alguns operadores interessados, "nomeadamente em termos de localização, pois não queremos que interfiram com o espaço público, e de taxas de utilização".
Já em vigor está uma regra que impõe postos de carregamento para veículos elétricos no licenciamento de novas superfícies comerciais e postos de abastecimento de combustível.
Bicicletas elétricas
Na mobilidade elétrica mais suave a Câmara vai avançar com um projeto de bike sharing, com bicicletas elétricas, em moldes idênticos ao que já existe para as trotinetes e utilizando os mesmos pontos de recolha.
Para os peões, a face mais visível desta revolução na mobilidade é o alargamento e o rebaixamento dos passeios, com a obras a decorrer um pouco por todo o concelho.
"São obras financiadas com fundos europeus no âmbito do PEDU (Planos Estratégicos de Desenvolvimento Urbano) e os prazos têm de ser cumpridos para não perdermos o investimento. Para combater alguma falta de civismo, pois há condutores a aproveitarem os passeios rebaixados para estacionarem estamos a intensificar a fiscalização por parte da Polícia Municipal e vamos implantar floreiras amovíveis para educar os condutores", concluiu Adelina Rodrigues.