Qualidade média da produção nacional é das melhores do Mundo. Volume de exportações em 2022 deverá aproximar-se dos 1000 milhões de euros.
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O azeite português anda a colecionar prémios internacionais há mais de uma década. "Nas presenças em concursos internacionais destaca-se como um dos mais premiados do Mundo", salienta Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite. Nos últimos dois anos, foi a Cooperativa dos Olivicultores de Murça que mais prémios internacionais trouxe para Portugal (ler texto ao lado).
A secretária-geral da Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Olivicultores (Fenazeites), Patrícia Falcão Duarte, sublinha que "há sempre azeites portugueses que ganham prémios", mesmo no mais prestigiado concurso internacional, o Mário Solinas, uma espécie de "óscar do azeite", organizado pelo Conselho Oleícola Internacional, com sede em Madrid (Espanha). Para além deste, o mesmo acontece noutras competições importantes no país vizinho, Estados Unidos, Itália, Israel e China.
A explicação, segundo Mariana Matos, assenta na "qualidade do azeite português", que tem vindo a "aumentar imenso nos últimos anos". "A evolução qualitativa é notável", reforça a secretária-geral da Fenazeites, precisando que, em 2021, "97% da totalidade de produção nacional foram azeites virgem extra e virgem, o que é quase atingir a perfeição e diz muito do trabalho que tem sido feito no setor".
Esse trabalho feito nos últimos anos, lembra Mariana Matos, resulta de um "investimento enorme", não só em "práticas culturais como a rega e a eficiência dos tratamentos", mas também nos lagares. "Os portugueses são dos melhores e mais modernos do Mundo", enfatiza (ler caixa).
Patrícia Falcão Duarte acrescenta que, apoiado por técnicos, "o olivicultor já começa a perceber qual é a altura certa para apanhar a azeitona" e também "tem o cuidado de a entregar no próprio dia no lagar". Lembra que, ainda não há muitos anos, "colhia a azeitona e depois guardava-a duas e três semanas em casa, dentro de sacos, e depois é que ia para o lagar". Por outro lado, "os lagares pagam-na diferenciando a qualidade, o que incentiva o agricultor a apanhá-la e a entregá-la em tempo útil, para que possa ser transformada em menos de 24 horas".
O aumento da qualidade reflete-se na procura externa. A secretária-geral da Casa do Azeite revela "um aumento das exportações de azeite, seja embalado ou a granel, na ordem das 10 vezes mais do que há uns anos", o que reflete uma apetência pelo azeite português. Mariana Matos adianta que "há expectativa de que as exportações, em 2022, se aproximem dos 1000 milhões de euros, o que é extraordinário". Em 2021, ficou perto de 700 milhões de euros e, em 2020, 566 milhões, segundo dados do Ministério da Agricultura.
Para onde vai
Espanha e Itália são os principais mercados do azeite português vendido a granel, mais de metade das exportações nacionais. A maior parte das vendas de produto embalado e rotulado, embora não tenham crescido ao mesmo ritmo do granel, tem como destino o mercado brasileiro. "É cerca de 25% do total e tem tido um crescimento acentuado nos últimos anos, atingindo 60% da quota no mercado", realça Mariana Matos.
Para a diretora-geral da Casa do Azeite, o desafio é "investir mais na promoção para diversificar os mercados", de modo a exportar uma "maior quantidade de azeites embalados, nomeadamente para países europeus". Ao mesmo tempo, diz Patrícia Falcão Duarte, importa "valorizar o azeite proveniente dos olivais tradicionais, pois tem custos de produção muito diferentes dos olivais modernos".
VALORES
90% de produção é virgem extra
A produção portuguesa de azeite de elevada qualidade está na dianteira mundial. Em 2021, 90% do azeite produzido foi virgem extra e 7% foi virgem, ficando à frente dos EUA, Espanha e Itália.
Oitavo produtor mundial
Portugal é atualmente o oitavo maior produtor de azeite do Mundo.