Os resultados dos maiores bancos que já apresentaram as contas do primeiro trimestre baixaram 13,5 milhões, para 233 milhões de euros.
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Os bancos baixaram os lucros nos primeiros três meses do ano. Os resultados mais débeis devem-se, em parte, ao dinheiro que está a ser colocado de lado para eventuais perdas com crédito quando terminarem as moratórias bancárias no final de setembro.
No 1.º trimestre, a CGD, o BPI, o BCP e o Santander Totta tiveram lucros de 233 milhões de euros, mais de 2,5 milhões por dia. Ainda assim, os resultados caíram cerca de 5,5% face ao mesmo período de 2020.
Apesar da tendência ter sido de descida, não foi generalizada. O BPI e o BCP melhoraram os resultados. A CGD teve uma quebra ligeira dos lucros e o Santander teve a maior descida de resultados, devido ao encargo extraordinário de 164,5 milhões de euros com o seu plano de reestruturação.
Entre as maiores instituições do setor falta conhecer os dados do Novo Banco. Mas o presidente do banco, António Ramalho, sinalizou que esse trimestre deverá ser o de regresso aos lucros, o que poderá alterar a tendência dos ganhos da banca no 1.º trimestre.
Incumprimento
Apesar de, regra geral, o malparado estar controlado, isso deve-se sobretudo ao efeito protetor das moratórias. E os bancos estão a reforçar, em alguns casos de forma expressiva, as imparidades e provisões para lidar com um possível aumento do incumprimento. No final de março, os quatro bancos tinham cerca de 25 mil milhões de euros de crédito em moratória. Dependendo da instituição, entre 2% e 8,9% desses empréstimos com prestações suspensas apresentavam já sinais fortes de incumprimento.
Mas os banqueiros mostram confiança de que o setor conseguirá aguentar o embate após setembro. Na conferência de imprensa de apresentação de contas, Miguel Maya rejeitou eventuais "dramas" para os bancos com o fim das moratórias. O presidente-executivo do BCP disse que a instituição está a preparar-se para o fim destas medidas de apoio com o reforço de imparidades e através do contacto diário com centenas de clientes para "encontrar soluções adequadas a cada caso".
Também Paulo Macedo sublinhou que o reforço das imparidades para lidar com potenciais perdas de crédito se tratou de "uma medida preventiva" e que "não temos razões ainda para preocupação". O presidente da CGD disse ter uma expectativa positiva para a evolução no resto do ano. Mas realçou que "a rentabilidade da Banca continua muito difícil".
Menos margem mas mais receita nas comissões
A margem financeira (diferença entre os juros que cobram nos empréstimos e os que pagam para se financiarem) dos quatro bancos caiu quase 6% para cerca de 904 milhões de euros. Já a faturação com comissões teve uma subida de 1%, para 444 milhões de euros. Para compensar, os bancos têm reduzido custos. Nos primeiros três meses, caíram mais de 8%, para 692 milhões. Na prática, desde março do ano passado, os quatro bancos fecharam mais de 100 balcões e foram eliminados 1150 postos de trabalho.