O Banco Central de Chipre propôs a reestruturação do sistema bancário do país, disse, esta quinta-feira, o governador da instituição, Panicos Demetriades, que adiantou ainda a reforma do banco Laiki, o segundo maior do país.
Corpo do artigo
À entrada de uma reunião com o presidente de Chipre, Nikos Anastasiadis, e dos líderes dos partidos políticos, o responsável pelo regulador bancário de Chipre disse aos jornalistas que o banco central "recomendou" ao Governo a apresentação de legislação com vista ao "saneamento e recuperação" do sistema bancário.
Segundo Panicos Demetriades, esse processo irá "prevenir o risco de falências de bancos e proteger na totalidade todos os depósitos até ao montante de 100 mil euros". Além disso, acrescentou, a reestruturação irá "também criar condições para a recuperação do sistema bancário" e garantir empregos.
Já à saída do encontro, o governador anunciou a reestruturação do Laiki Bank, a segunda entidade bancária do país, cujas notícias na imprensa local apontavam para o seu encerramento. Com esse saneamento, disse, o "banco poderá continuar a funcionar e a oferecer os serviços" aos seus clientes.
O Laiki (nome em grego do também chamado Cyprus Popular Bank) anunciou, esta quinta-feira, a limitação dos levantamentos a 260 euros nas caixas automáticas. Segundo a Efe, havia filas de dezenas de pessoas junto às caixas para recuperarem parte do dinheiro depositado perante os rumores de que a liquidez do banco poderia acabar-se em poucas horas.
Também esta quinta-feira houve protestos frente ao Parlamento grego, com trabalhadores do Laiki entre os manifestantes, a pedir que este seja mantido. Alguns dos manifestantes mostraram ainda o seu desagrado contra a chanceler alemã, Angela Merkel. "Não seremos os escravos da Alemanha", lia-se num cartaz.
Apesar de ainda não serem conhecidos detalhes oficiais sobre o plano de saneamento do sistema bancário de Chipre, a agência de notícias espanhola Efe adianta que, de acordo com a comunicação social do país, o "plano B" que está a ser desenhado pelos dirigentes cipriotas para impedir a falência da ilha inclui, além do Fundo de Investimento para financiar o plano de resgate, a criação de um banco 'bom' e outro 'mau'.
Segundo essas informações, todos os ativos e depósitos abaixo de 100 mil euros do Laiki Bank, o segundo maior banco do Chipre e que foi intervencionado pelo Estado o ano passado, passariam para o Cyprus Bank, o principal banco do país.
Já os depósitos acima de 100 mil euros do Cyprus Bank passariam para o Laiki Bank, que se transformaria no banco 'mau'.
Estará ainda prevista a venda de todos os bens imóveis do Laiki para ir reembolsando os titulares dos depósitos acima de 100 mil euros.
O Chipre tenta encontrar uma solução para a crise desencadeada pelo "não" parlamentar à taxa sobre os depósitos bancários, imposta no último Eurogrupo como contrapartida para um resgate ao país, de 10 mil milhões de euros. Esta imposição motivou uma onda de protestos no Chipre e em toda a Europa.