Banco de Portugal diz que fraude nos pagamentos eletrónicos manteve-se baixa em 2022
O Banco de Portugal disse, esta quinta-feira, que permaneceram "muito reduzidos" os níveis de fraude na utilização de pagamentos eletrónicos em Portugal em 2022.
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Segundo o relatório de Sistemas de pagamentos de 2022, hoje divulgado, "no primeiro semestre de 2022, a taxa de fraude dos instrumentos de pagamento variou, em quantidade, entre 0,0001% nos débitos diretos e 0,0242% nos cartões (ótica do emitente) e, em valor, entre 0,0003% nos débitos diretos e 0,0228% nos cartões".
O regulador e supervisor bancário diz que "as fraudes mais comuns em 2022 resultaram de mecanismos de engenharia social, como é o caso do 'phishing' [mensagem fraudulenta], em que os infratores conseguem apropriar-se das credenciais de segurança do utilizador ou dos elementos de autenticação forte do cliente, atuando em seu nome para iniciar e validar operações de pagamento".
No primeiro semestre de 2022 as taxas de fraude mais elevadas foram nas operações com cartões (242 operações fraudulentas em cada milhão de operações com cartão), mas referindo o BdP que, neste caso, o valor médio por operação fraudulenta foi o mais baixo (45 euros).
Já as transferências a crédito apresentaram um valor médio por transação fraudulenta de 4.059 euros, sendo que nestas transferências só cinco em cada milhão foram fraudulentas.
Nos débitos diretos, diz o BdP, o valor médio da fraude foi de 499 euros e houve uma operação fraudulenta por cada milhão de operações.
Em 2022, no Sistema de Compensação Interbancária (SICOI), o sistema de pagamentos de retalho português, foram processados 3,7 mil milhões de operações, no montante de 655,5 mil milhões de euros, mais 16,2% em valor. O BdP diz que o aumento foi significativo e que está "em linha com o crescimento da atividade económica".
Os instrumentos de pagamento eletrónicos são cartões de pagamento, débitos diretos, transferências a crédito e transferências imediatas.
Os cartões foram o instrumento de pagamento eletrónico mais utilizado diariamente, foram 88,0% do número de pagamentos do SICOI em 2022 (86,5% em 2021), tendo-se realizado, em média, 9 milhões de pagamentos com cartão por dia.
Os pagamentos com cheques diminuíram 15,1% em quantidade, mas diz o BdP que cresceram pela primeira vez desde 2014 em valor (6,2%), o que relaciona com a aquisição de habitações (como investimento e para habitação própria).
Os pagamentos com tecnologia contactless cresceram 58,6% em quantidade e 65,7% em valor em relação a 2021. O valor médio por transação contactless foi de 24,5 euros e as compras contactless já valem 48,8% no número total de compras com cartão (são, sobretudo, usadas no comércio a retalho e na restauração).
A maioria das compras online feitas com cartões nacionais ocorreu em comerciantes localizados fora de Portugal (65,9% em valor).
Em 31 de dezembro de 2022, havia 450 mil terminais de pagamento automático (mais 4,0% do que em 2021) e 13,5 mil caixas automáticos (menos 1,5% do que em 2021).
"Em média, existiam 1,3 caixas automáticos e 43,5 terminais de pagamento automático por cada mil habitantes", refere o BdP.
Quanto a falhas nos sistemas de pagamento (por exemplo, Multibanco em baixo), em 2022, diz o Banco de Portugal que foram reportados 55 incidentes de caráter severo (menos um do que no ano anterior). Desses, 50 foram de natureza operacional e cinco de segurança.
"Estes incidentes afetaram cerca de 1,9 milhões de utilizadores e levaram à não execução de 3,7 milhões de transações, no valor de 975 milhões de euros", refere o BdP, acrescentando que os canais mais afetados foram o 'homebanking' [banca pela internet] e o 'mobile banking' [banca pelo telefone].