Avaliação feita em agosto nos principais bancos identificou cerca de 2800 clientes que precisam de ajuda para cumprir.
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Em outubro, voltam as prestações dos créditos suspensos ao abrigo das moratórias criadas no âmbito da pandemia, mas os principais bancos portugueses estão confiantes de que a maioria dos devedores irá cumprir. Na Caixa Geral de Depósitos (CGD), "mais de duas mil pessoas pediram para reestruturar créditos"; no Novo Banco cerca de 540 clientes pediram ajuda; e no BCP cerca de 290 estavam em dificuldades. O BPI e o Santander não avançam números, mas também dizem crer que apenas uma baixa percentagem de clientes terá dificuldades em retomar as prestações .
"O final das moratórias afetará muitas empresas e particulares - no caso da CGD mais de 2000 pessoas pediram para restruturar os seus créditos", revelou o presidente da Comissão Executiva da CGD. "Em termos macroeconómicos, diria, não se espera que o fim das moratórias cause um problema nos bancos, como estava dito, ou cause um problema enorme", disse Paulo Macedo.
O Novo Banco "contactou por escrito todos os mais de 18 mil clientes particulares cujas moratórias terminam a 30 de setembro". Fonte daquela entidade disse estimar que "os pedidos de ajuda venham a representar menos de 3% do total clientes particulares".
Com uma carteira de créditos particulares em moratória de dimensão semelhante, o BCP mantém os números apresentados no final de julho: cerca de 9% das 3269 famílias com moratórias têm problemas em pagar a dívida.
Um plano de risco
De acordo com instruções do Banco de Portugal, os bancos deveriam analisar a situação dos seus clientes com moratórias, durante o mês de agosto, propondo um Plano de Ação para Risco de Incumprimento (PARI) até 15 de setembro.
Segundo o funcionamento deste tipo de instrumento, os bancos podem renegociar créditos, baixando encargos (como a taxa de juro), permitindo a carência ou diferimento de capital (durante os meses definidos o cliente só paga juros ou parte da dívida é adiada para o final do prazo), bem como a reestruturação dos créditos de modo a baixar as prestações.
As famílias portuguesas têm 14 200 milhões de euros em créditos abrangidos por moratórias, de acordo com dados do final de julho do BdP. A maioria (12 900 milhões de euros) respeita a créditos à habitação, abrangidos pela moratória pública, com prestações suspensas, no máximo, desde março de 2020.
Sem impacto
Nos últimos meses, o montante global de empréstimos de particulares abrangidos por moratórias tem vindo a diminuir, uma vez que terminaram em junho os créditos com moratória particular (oferecida pela banca, incluía cartões ou empréstimos para o automóvel ou pessoais).
O máximo em moratórias (de empresas e particulares) foi atingido em outubro passado, com 46.900 milhões de euros. Em julho, apenas 36.900 milhões de euros estavam com moratória. O incumprimento manteve-se em 8,2%, o nível mais baixo desde 2006.
Opções
14.200 milhões de euros
Em empréstimos de particulares em moratórias no final de julho, segundo o Banco de Portugal. A grande maioria (12 900 milhões de euros) respeita a habitação.
Negociar
Os bancos estão abertos à possibilidade de suspender parte das prestações (diferimento ou carência de capital) durante alguns meses, se o cliente vir que não consegue suportar custos neste momento, mas terá possibilidade de fazê-lo a breve prazo.
Acionar o PARI
Vendo que terá dificuldades, o cliente poderá acionar um Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI), onde pede ajuda ao banco ou às financeiras para arranjar soluções que permitam cumprir. Os bancos tiveram de analisar a situação dos clientes durante o mês de agosto para lhes propor um PARI até 15 de setembro.
Reduzir juros
Pode ser a altura ideal para pedir ao banco que aplique ao seu contrato os juros mais baixos que estão a ser praticados no mercado. Se não conseguir, pense em transferir o crédito com as despesas pagas pelo banco.
Consolidar
Reduzir prestações juntando todos os empréstimos pode ajudar o orçamento.