O Banco Central Europeu deverá aumentar, esta sexta-feira, a sua taxa de juro de referência pela segunda vez este ano, desta vez para 1,50%, segundo os economistas contactados pela Lusa.
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A instituição liderada por Jean-Claude Trichet aumentou em Abril a principal taxa de referência da zona euro para 1,25%, ao fim de 23 meses no mínimo histórico de um por cento, e deverá voltar a subir em 25 pontos base a taxa directora esta quinta-feira.
"Há uma normalização das taxas de juro que se impõe. Se não tivéssemos vindo da crise, estaríamos com taxas acima dos dois por cento", disse à agência Lusa a economista-chefe do BPI, Cristina Casalinho.
"Se não for feito, corre-se o risco de quando a zona euro entrar em abrandamento as autoridades monetárias não terem margem de manobra para atuarem", considerou.
Também Diogo Serras Lopes, director de investimentos do Banco Best, considera que "a subida em 0,25% está amplamente descontada pelo mercado e deverá ser uma realidade", numa posição partilhada pelo economista chefe do Montepio.
Para Rui Serra, a decisão da instituição liderada por Jean-Claude Trichet ficará a dever-se sobretudo ao facto de a inflação homóloga ter ficado nos 2,7% em Junho, ou seja, "o sétimo mês consecutivo acima da meta de dois por cento estabelecida pelo BCE".
O aumento da taxa de referência da zona euro terá efeitos "negativos" em Portugal, tanto para as famílias como para as empresas, afirmou Cristina Casalinho.
Os efeitos deverão sentir-se na prestação mensal do crédito à habitação, que segundo a simulação da Deco para a Lusa pode aumentar até 20 euros, ainda que as taxas Euribor já venham a reflectir este provável aumento da taxa directora.
Também o sector financeiro será influenciado "directamente" por esta alteração, uma vez que aumenta o custo de os bancos se financiarem junto do BCE, para 1,50% se se confirmar a subida em 25 pontos base.
O Conselho de Governadores do BCE reúne-se hoje em Frankfurt, onde fica sediada a instituição.