O principal índice da bolsa portuguesa, o PSI20, seguia em queda, em contraciclo com a restante Europa, depois do Presidente da República rejeitar uma remodelação governamental e propor um acordo de salvação nacional até às eleições em 2014. Por sua vez, os juros da dívida de Portugal estavam a subir a dois, cinco e dez anos.
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Às 8.25 horas, o PSI20 seguia a deslizar 0,82% para 5.500,87 pontos, o pior desempenho em toda a Europa, com 16 títulos negativos, um inalterado e três positivos.
Já os juros da dívida soberana de Portugal estavam a subir a dois, cinco e 10 anos, depois da intervenção do Presidente da República, mas mantinham-se abaixo dos máximos da semana passada provocados pela crise política.
"Às 9:20 horas, os juros da dívida a 10 anos estavam a transacionar-se abaixo dos 7%, nos 6,830%, depois de terem fechado a 6,767% na quarta-feira e a 7,465% a 3 de julho, um máximo desde novembro de 2012.
A dois anos, os juros estavam a subir para 5,191% depois de terem fechado a 5,132% na quarta-feira e a 5,302% a 4 de julho, um máximo desde novembro de 2012.
No prazo de cinco anos, os juros estavam nos 6,282%, abaixo dos 6,254% do encerramento de quarta-feira e abaixo dos 6,671% de 3 de julho, um máximo desde novembro de 2012.
Cavaco Silva propôs na quarta-feira, numa comunicação ao país, um "compromisso de salvação nacional" entre PSD, PS e CDS que permita cumprir o programa de ajuda externa e que esse acordo preveja eleições antecipadas a partir de junho de 2014.
Cavaco Silva considerou também "extremamente negativo para o interesse nacional" a realização imediata de eleições legislativas antecipadas.
A declaração do Chefe de Estado surgiu depois de ter ouvido todos os partidos com representação parlamentar e com os parceiros sociais e na sequência do pedido de demissão apresentado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, no dia 2 de julho.
Na bolsa, a banca, mais sensível ao risco da República em situação de instabilidade política, era o setor que mais pressionava as negociações, afundando 3,21 por cento.
As ações do Banif, que iniciou na segunda-feira a segunda fase do plano de capitalização, eram as que mais perdiam, com uma queda de 6,67% para 0,06 euros, seguidas do BCP, que recuavam 4,3% para 0,09 euros.
O BPI e o BES, por sua vez, perdiam 4,03% e 3,35% para 0,88 e 0,61 euros.
Em queda seguem ainda os pesos-pesados Portugal Telecom (-0,6%), Jerónimo Martins (-0,25%), Galp Energia (-0,04%) e EDP (-0,04%).
Em terreno positivo seguia a Cofina e a EDP Renováveis, com ganhos de 1,4% e 0,35% para 0,44 e 4,01 euros.
Lisboa seguia a contrariar o sentido das principais praças europeias, em alta acentuada, depois das declarações do presidente da Reserva Federal dos EUA, Ben Bernanke, que garantiu que a economia do país continua a precisar de estímulos.