A Comissão Europeia está ligeiramente mais otimista e estima, nas previsões divulgadas esta quinta-feira, que Portugal cresça 1,7% este ano, acima da estimativa do Governo, mas alerta que um período prolongado de incerteza política pode enfraquecer a recuperação económica.
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Nas previsões económicas de outono, divulgadas esta quinta-feira, Bruxelas revê em alta a perspetiva de crescimento económico para Portugal: na primavera o executivo comunitário apresentava uma estimativa de um crescimento igual à do Governo (de 1,6%), mas agora é ligeiramente mais otimista, antevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) aumente 1,7% este ano.
No entanto, a Comissão Europeia admite riscos que podem levar a revisões em baixa do cenário macroeconómico no curto prazo: "Um período prolongado de incerteza política pode enfraquecer o clima de negócios e a confiança do consumidor", alerta.
Nesse sentido, Bruxelas revê ligeiramente em baixa a previsão de crescimento económico para o próximo ano, também em 0,1 pontos percentuais. Na primavera antecipava um aumento do PIB de 1,8% em 2016, agora estima um crescimento de 1,7%, sendo que apenas em 2017 prevê um crescimento económico de 1,8%.
Além da incerteza política, o executivo comunitário destaca também como riscos ao cenário macroeconómico a "ineficiente implementação de políticas que reduzam o fardo da dívida do setor privado" e refere que indicadores de curto prazo apontam para uma desaceleração do crescimento económico.
Bruxelas aponta ainda que a procura privada continuou a ser o principal contributo para o crescimento económico este ano e que o "forte crescimento" das exportações foi anulado por um "crescimento ainda mais forte das importações", tendo assim um contributo negativo para o PIB.
"O elevado conteúdo importado nas exportações portuguesas está a complicar o ajustamento externo da economia, particularmente num contexto de uma procura interna vibrante", alerta a Comissão Europeia.
Ainda assim, o excedente das contas externas deve "aumentar ligeiramente para perto de 0,5% do PIB em 2015 e 2016, devido principalmente às condições do mercado" e descer para 0,3% em 2017, escreve o executivo comunitário nas previsões de outono.
Já no que diz respeito à inflação, a Comissão estima que, até setembro, o efeito do baixo preço do petróleo tenha sido "compensado largamente" pela depreciação do euro e pelo impacto da introdução dos impostos da fiscalidade verde.
Assim, Bruxelas estima que a inflação suba para 0,5% (uma revisão em alta em 0,3 pontos percentuais) em 2015, aumentando gradualmente até 1,3% em 2017.