As medidas de austeridade tiraram o sono a Teixeira dos Santos, como ele disse, mas foram bem recebidas em Bruxelas e pelo mercado. O ministro não se livrou, contudo, de pedidos de novas reformas estruturais no mercado laboral e dos recursos humanos.
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O presidente do Eurogrupo pediu desde Bruxelas ao Governo português que acompanhe as medidas "com reformas estruturais ambiciosas, que fomentem o crescimento" e eliminem "a rigidez do mercado laboral", para aumentar a competitividade.
Mas para que não ficassem dúvidas, Jean-Claude Juncker garantiu que "as medidas anunciadas pelo Governo português são fortes, sérias e a política conduzida pelo Executivo português é credível", acrescentando que todos estavam "satisfeitos que Portugal tenha tomado a atitude que tomou".
Já o comissário dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, explicou que uma equipa de especialistas europeus vai trabalhar com Portugal no planeamento das reformas, e os contornos exactos serão conhecidos em "meados de Novembro".
Minutos depois, Teixeira dos Santos explicava que Portugal vai avançar com reformas ao nível da "qualificação de recursos humanos, da flexibilização do mercado de trabalho, da política energética e da reforma do quadro orçamental". Em matéria laboral, o ministro esclareceu que a reforma "não tem tanto a ver com as questões da legislação laboral" e passa antes pelo "processo de formação" dos salários.
Questionado sobre a possibilidade de, no ano que vem, o salário mínimo subir para 500 euros, Teixeira dos Santos foi cauteloso e sem mencionar a palavra "salário", disse que é "difícil que se justifiquem aumentos de salários no sector privado, face àquilo que está a ser feito no sector público".
Teixeira dos Santos confessou que dormiu mal antes de tomar estas medidas. "Para tomar estas medidas dormi mal, mas se não as tomasse acho que não era capaz de dormir", desabafou, e explicou que o Governo decidiu avançar, não pela "vontade ou pressão de Bruxelas", mas para "serenar os mercados financeiros", "caso contrário a torneira do financiamento fecha-se" e "asfixiamos a nível económico".
E os mercados lá reagiram bem. O PSI 20 fechou a ganhar 0,42% e destacou-se entre as praças da Europa. Só Lisboa e Madrid terminaram as sessões a valorizar. Os investidores foram, também, menos exigentes com Portugal e os juros para comprar dívida a dez anos sofreram um ligeiro decréscimo. Ontem, os juros caíram para 6,377%, abaixo do máximo histórico de 6,512% atingido na terça-feira, mesmo assim, continuam acima dos 6%.