A Comissão Europeia reviu em baixa as suas previsões para a evolução da economia portuguesa, e espera agora que o Produto Interno Bruto de Portugal diminua 3,3% em 2012. Só na Grécia (-4,4%) está prevista uma recessão mais grave que em Portugal.
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Nas previsões intercalares divulgadas pela Comissão para os 27, esta quinta-feira, só na Grécia (-4,4%) está prevista uma recessão mais grave que em Portugal.
No entanto, o impacto da recessão não se distribui de maneira uniforme ao longo do ano. A crise será mais forte no atual trimestre, para o qual a Comissão prevê uma redução do PIB em cadeia (isto é, comparando com o trimestre anterior) de 1,4%.
No segundo trimestre, a redução em cadeia será 0,6%; no terceiro, 0,3%. No quarto trimestre, contudo, a previsão da Comissão Europeia é para uma variação do PIB nula.
Nas previsões apresentadas em novembro, a Comissão previa uma quebra do PIB português na ordem dos 3%, mesmo valor que o Governo inscreveu no Orçamento do Estado para 2012. O Banco de Portugal avançou em janeiro a previsão de uma quebra do PIB de 3,1%, e de uma retoma em 2013 de apenas 0,3%.
A Comissão nota que a "redução muito forte no emprego" no final do ano passado teve um impacto significativo no consumo privado, uma tendência que se deverá prolongar em 2012.
Da mesma forma, o contributo do comércio internacional foi positivo para a evolução da economia em 2011, mas no final do ano isso deveu-se a uma forte redução das importações, enquanto o crescimento das exportações "desacelerou apreciavelmente em dezembro, em linha com o ambiente económico em deterioração na Europa".
A Comissão espera que as exportações "continuem a sofrer de uma nova desaceleração na procura externa de produtos portugueses no primeiro semestre".
Também as condições dos mercados de crédito deverão contribuir para o agravamento da recessão este ano. O investimento privado ("sobretudo no setor da construção") deverá continuar a cair, em parte devido a critérios ainda mais restritivos na concessão de crédito pela banca.
Recuo de 0,3% na zona euro e estagnação na UE
A Comissão Europeia reviu em baixa as previsões de crescimento para a zona euro e para o conjunto da União Europeia em 2012, antecipando um recuo de 0,3% no espaço monetário e uma estagnação na União.
Comparativamente às anteriores projeções, as "previsões de outono" publicadas em novembro de 2011, Bruxelas "retira" 0,6% às estimativas de crescimento para a União Europeia (antecipava então um ténue crescimento de 0,6%) e 0,8 pontos ao crescimento na zona euro, que antecipava de meio ponto percentual para este ano.
De acordo com o executivo comunitário, a inesperada estagnação na retoma económica nos finais de 2011 deverá prolongar-se durante a primeira metade deste ano, mas prevê-se todavia "um crescimento moderado" no segundo semestre do ano, pelo que, apesar de uma "recessão moderada", há sinais de estabilização.
"Apesar de o crescimento ter estagnado, estamos a assistir a sinais de estabilização na economia europeia. O sentimento económico ainda se encontra em níveis baixos, mas o 'stress' nos mercados financeiros está a aliviar", comentou o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn.