BYD: da produção de baterias para telemóveis a líder mundial em carros elétricos
A maioria das vendas da BYD ainda ocorre na China, o que mostra o potencial da marca fora do país. A BYD, que quer dizer Build Your Dreams (construa os seus sonhos) tem alguns segredos que permitiram ultrapassar a Tesla e um deles é o preço, graças à construção em grande volume.
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A BYD começou por ser uma pequena startup com apenas 20 trabalhadores em 1995, fundada pelo químico chinês Wang Chuanfu, que fabricava inicialmente baterias para telemóveis. Os negócios prosperaram, tornando-se um dos principais fornecedores da Motorola e da Nokia. 2003 foi um ponto de viragem. A empresa chinesa aventurou-se no ramo automóvel ao adquirir a Xiankin Xuan Automobile, produzindo o F3, o seu primeiro carro com motor de combustão “copiado” do Toyota Corolla.
Em 2008, a BYD entrou em dificuldades. Ironicamente seria um norte-americano a salvar a BYD. O multimilionário Warren Buffet colocou 232 milhões de dólares na empresa, dando o impulso suficiente para mudar a face da companhia. Após uma década, começou a ver-se os primeiros frutos. Em 2020, a marca chinesa lançou a bateria Blade, que custa menos do que outros tipos de baterias. O efeito foi imediato: as vendas de veículos elétricos da BYD aumentaram de quase 131 mil em 2020 para 1,57 milhões no ano seguinte.
Carregar em cinco minutos e 400 quilómetros de autonomia
Há mais de uma semana, a BYD surpreendeu o mercado ao revelar que tinha conseguido um sistema que poderia carregar os carros elétricos em cinco minutos, oferecendo, de imediato, uma autonomia de 400 quilómetros. Um salto revolucionário, uma vez que uma das maiores queixas de quem tem automóvel elétrico é o tempo de carregamento das baterias, não se igualando aos de motores de combustão. O novo sistema não será implementado de imediato em todo o Mundo, uma vez que será necessário construir postos de abastecimento com uma capacidade de mil megawatts de potência.
Além disso, ao contrário da Tesla, a empresa chinesa optou por soluções mais acessíveis, como frotas e autocarros, o que lhe permitiu produzir baterias em grande quantidade. O desenvolvimento da bateria foi fundamental para o seu sucesso, dando-lhes uma enorme vantagem sobre os seus rivais americanos e europeus. Ao contrário de muitos dos seus concorrentes, a BYD produz grande parte dos seus automóveis, o que a ajuda a evitar custos extra, atrasos e problemas logísticos que prejudicaram empresas como a Tesla. Mais de 75% dos componentes dos carros da BYD são fabricados pelos próprios, o que lhes dá uma vantagem competitiva muito forte. A BYD chama-lhe integração vertical. Com este sistema, a marca chinesa tem flexibilidade na resposta rápida às tendências do mercado.
Mas qual é a maior diferença entre um Tesla e um BYD? Em termos de design é ao gosto, a BYD é mais barata ou quando tem o mesmo preço oferece mais vantagens. Já a Tesla é uma questão de confiança, porque na performance está bastante equiparada à BYD ou perde mesmo em alguns modelos, como o 3 quando comparado com o Seal da BYD. “Podemos fazer a analogia de um Iphone e de uma marca chinesa de telemóveis como a Xiaomi. O Iphone ganha na confiança do produto e a Xiaomi na performance e no preço”, diz um especialista que preferiu o anonimato. Para a BYD se manter na liderança, precisa de se expandir. E este caminho pode não ser tão tranquilo como o doméstico, porque os outros países já viram o “perigo” que representa para as suas marcas.