O calçado perdeu 462 milhões de euros em exportações nos últimos três anos.
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É verdade que grande parte desta fatia foi em 2020, por efeito da pandemia, com as vendas ao exterior a emagrecer 290 milhões, mas a tendência já vinha desde 2018. E em 2020 acentuou-se, com o setor a atingir mesmo o valor mais baixo dos últimos 10 anos: 1494 milhões.
No total, Portugal vendeu ao exterior 61,5 milhões de pares de sapatos, menos 15,5 milhões do que no ano anterior. Mas vendeu-os mais caros: o preço médio por par exportado subiu dos 23,16 euros para 24,28 euros.
Os dados são do Instituto Nacional de Estatística e mostram que, só em 2020, as exportações de calçado caíram 20,1% em quantidade e 16,3% em valor. Só nos mercados comunitários, a indústria perdeu 20,4% correspondentes a menos 311 milhões de euros exportados.
As vendas à UE ficaram-se pelos 1209 milhões; em contrapartida, os mercados extracomunitários cresceram 7,5% para 284,4 milhões de euros. Corresponde a sensivelmente 20 milhões de euros a mais do que em 2019, o que nem é mau, se tivermos em conta que mercados fundamentais para o calçado, como Reino Unido, EUA, Canadá China e Japão caíram todos.
A situação não é exclusiva do calçado. Também a indústria têxtil e do vestuário (ITV) perdeu mais de 670 milhões de euros em exportações nos últimos dois anos, dos quais 572 milhões só em 2020. A indústria acredita que, sem pandemia, a fileira regressaria a terreno positivo em 2020. "Janeiro e fevereiro foram dois meses de crescimento. Estávamos a iniciar esse caminho", defende o presidente da ATP (Associação Têxtil e Vestuário de Portugal).