Os produtores de castanha de Bragança temem que o fungo da septoriose e as altas temperaturas para a época venham causar graves prejuízos, com perdas de 30% na produção. As variedades de castanheiro híbridos e precoces já estão em plena queda, mas a castanha é associada a dias mais frescos e não a tempo de praia.
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“Isto está mal. Além destes problemas, como o fungo e o calor, o mercado não está a reagir, os comerciantes não estão a comprar a castanha temporã”, explicou Paulo Hermenegildo, produtor na aldeia de Rabal, concelho de Bragança, e membro da Confraria Ibérica da Castanha.
A septoriose é um fungo propiciado pelas condições meteorológicas, nomeadamente ocorrência de vários períodos de precipitação e temperatura média não muito elevada durante o verão. As folhas ficam com manchas acastanhadas, que aparecem nos dois lados da folha, que acaba por enrolar e cair antecipadamente ficando assim afetado o desenvolvimento do fruto. Os ouriços não chegam a amadurar e estão a crescer sem vigor. “Muitos produtores não fizeram tratamentos com sulfato de cobre e agora têm problemas com o fungo, que vai contribuir para um decréscimo considerável da produção”, referiu Paulo Hermenegildo, salientando que a castanha começou a cair “15 dias antes do habitual, mas o fruto cai precocemente e sem maturação completa”.
Este produtor diz que inicialmente se previa um bom ano de castanha, mas entretanto, “as previsões mudaram e as expetativas já não são boas, pelo menos, no concelho de Bragança”.
Abel Pereira, presidente da ARBOREA- Associação Agro-Florestal da Terra Fria, sediada em Vinhais, diz que, para já, tudo indica que este ano a colheita “será melhor do que no ano passado, que foi dramático”. Ainda assim, Abel Pereira salienta que “a perceção sobre a produção que era boa, passou a ser mais complexa, face ao calor que se faz sentir em outubro”.
Apesar de nas variedades precoces e híbridas a produção não ter sido má, “o preço está mau, e está a menos de um euro, as primeiras ainda chegaram aos dois euros”, garantiu.
Se o calor continuar durante algumas semanas, Abel Pereira diz que “não se sabe o que pode acontecer com as variedades tardias, por causa das altas temperaturas, na ordem dos 30 graus. Os picos de temperatura são complicados e não sabemos como vão acabar”.