O peso dos impostos e da segurança social sobre os salários subiu em 2010 na maioria dos países da OCDE, incluindo Portugal (onde aumentaram 0,3%), com destaque para as "subidas significativas" na Holanda, Espanha e Islândia.
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Os impostos sobre os salários, incluindo as transferências para a segurança social a cargo quer do empregador quer do empregado, são um factor crucial para a decisão das empresas de contratar ou não, bem como para o incentivo ao trabalho.
De acordo com os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o peso dos impostos sobre o trabalho em Espanha é de 39,6% do rendimento no caso de uma pessoa singular com ordenado médio e de 33,8% numa família de ordenado médio com casal e dois filhos, mas apenas com um dos adultos a receber. Em ambos os casos o peso dos impostos subiu 1,4% em 2010 face a 2009.
Já em Portugal, nos mesmos cenários o peso dos impostos sobre o trabalho é de 37,7% (individual) e 26,9% (família). Em ambos os casos registou-se um aumento de 0,3% no ano passado em relação a 2009.
O maior aumento verificou-se na Islândia, com aumentos de 3,3% no caso individual e 5% nas famílias. No entanto, a base de partida é bastante inferior, já que os impostos sobre o trabalho de um individual é de 31,3% e sobre uma família é de 12,7%.
Do lado dos países que desceram a carga fiscal sobre o trabalho está a Alemanha (que baixou 1,8% nos individuais e 1,1% nas famílias). O peso da carga fiscal sobre o rendimento naquele país é de 49,1% e 32,6% respectivamente.
Os recordistas de maior peso de impostos sobre o trabalho incluem a Bélgica (que fica com 55,4% do rendimento de um individual e 39,6% numa família) e a França (49,3% e 42,1%, respectivamente).
Na Irlanda o governo aumentou [no âmbito do plano de ajuda externa] os impostos sobre o rendimento e as taxas de saúde ao mesmo tempo que diminuiu os benefícios com as crianças. O impacto destas reformas sobre o imposto sobre o trabalho foi parcialmente compensado pela diminuição do salário médio.
Devido à progressividade dos regimes fiscais, rendimentos mais pequenos significam que uma fatia menor é retirada em imposto. Este é também o caso da Grécia, onde uma forte descida do salário médio resultou em menos peso de imposto para todas as famílias.
Na Irlanda um individual tem um peso de impostos sobre o rendimento de 29,3% e uma família 13,4%. Na Grécia são ambos taxados a 36,6%.
A OCDE recomenda que, no âmbito do esforço para recuperar as finanças públicas e voltar a colocar a economia a crescer, os governos deveriam alterar o mix de impostos, privilegiando os indirectos em vez dos directos.
Assim, a OCDE recomenda que os governos deveriam aumentar os impostos recorrentes sobre propriedade (o IMI, por exemplo), bem como aumentar a base de colecta do IVA e dos impostos pessoais através da eliminação de reembolsos, em vez de aumentar as taxas e a segurança social.