Criar emprego sustentável e rentável não tem uma fórmula mágica. É preciso analisar cada caso e ajudar no que for preciso: requalificar pessoas, ajudar na ideia de negócio e no financiamento. É esta a filosofia do projeto Cria(c)tividade, promovido pela Cáritas Diocesana, que foi esta semana apresentado no Porto, no Palácio da Bolsa.
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É um projeto de franchising social. E se a expressão soa nova, isso é por estarmos em Portugal - na União Europeia, já estão em curso 60 projetos desta modalidade da economia social, que criaram 10 mil empregos. A missão do Cria(c)tividade é incentivar a criação de emprego entre os desempregados residentes em Portugal, incluindo imigrantes, desde que revelem vontade de aceitar desafios, correr riscos e resistência para trabalhar no seu próprio negócio.
Há três maneiras de incentivar a criação de emprego: franchising social, micro negócios e trabalho por conta própria. O impacto social do negócio, a sua sustentabilidade e o potencial de escala estão entre os critérios de avaliação das candidaturas.
Repetir experiência
A Cáritas ligou-se à União Europeia de Franchising Social e está, no fundo, a repetir noutro contexto aquilo que já fez no passado, quando ajudou os retornados das ex-colónias a criar negócios por todo o país. "Mais de 80% dessas empresas subsistiram e muitas delas geraram vitalidade económica nas várias regiões do país", disse Carlos Medeiros, da IPI Consulting, empresa que está a apoiar voluntariamente a Cáritas nesse desígnio.
O programa da Cáritas de incentivo à criação de emprego dos cidadãos retornados das colónias do Ultramar decorreu entre 1976 e 1981 e incluía empréstimos sem juros durante dois anos. O financiamento é o maior problema do programa Cria(c)tividade, indicou Carlos Medeiros, adiantado haver já 33 projetos na fase da entrevista, faltando resolver o financiamento.
Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Diocesana de Portugal, disse que tem falado com vários membros do Governo, incluindo os ministros da Segurança Social, da Agricultura e Desenvolvimento Regional, para perceber de que forma o Estado pode envolver-se.
"Fomos ver se era possível sermos contemplados no reajuste orçamental", disse, mostrando-se esperançoso nos contactos com bancos e outras instituições da sociedade. A Cáritas lida sempre com a sua fama assistencialista, o que pode ser um obstáculo à compreensão do programa, admitiu Eugénio Fonseca.
"Temos tido uma ação mais visível no campo assistencial, porque a situação é tão grave que as canas desapareceram e temos que dar o peixe, para que as pessoas possam ter força para pegar nas canas quando elas aparecerem", declarou.
Para o economista Alberto Castro, que esteve também na apresentação, é preciso que a economia social dê um salto e comece a ponderar entrar em negócios públicos para criar emprego para os desempregados mais vulneráveis.
A Cáritas Portugal procura financiamento para o seu programa de franchising social, o Cria(c)tividade. Dá apoio a emprego com impacto social, sustentabilidade e potencial de escala.