Carlos Carreiras: “Em Portugal somos penalizados por arriscar, mas temos que fazer a diferença”
Presidente da Câmara de Cascais, anfitrião da conferência Portugal Mobi Summit, falou das medidas da implementadas pelo município para atingir a mobilidade sustentável: transportes públicos gratuitos e oferta de parques de estacionamento. Em termos ambientais, disse, a nova coqueluche, agora é a floresta marinha.
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Carlos Carreiras diz que nunca teve que falar sobre tantos assuntos que não domina como agora enquanto presidente da Câmara Municipal de Cascais. Por ser impossível a um ser humano ter capacidade técnica para desenvolver sobre tudo, aprendeu um truque: falar do que sente. E aprendeu também que, ou se evolui no sentido disruptivo e se assume riscos, ou não se atinge os objetivos. Neste caso os objetivos são o combate às alterações climáticas que trazem consigo outros, como a coesão social e o desenvolvimento económico.
Foi assim que o autarca de Cascais abriu esta quarta-feira a conferência “Rumo a um mundo net zero – Uma oportunidade em construção”, no âmbito da Cimeira de Cascais do Portugal Mobi Summit que decorre até amanhã na Nova SBE, em Carcavelos. O maior evento nacional sobre mobilidade de que a câmara é parceira e recebe em casa.
Nesta questão da mobilidade versus ambiente, os riscos começou o autarca a assumi-los quando passou a oferecer transportes públicos gratuitos aos residentes, trabalhadores e estudantes no município. “Em Portugal somos penalizados por arriscar”, disse, sublinhando que “um político rotineiro mas também prudente, o melhor que tem a fazer é estar parado e não fazer rigorosamente nada”. “Mas temos que fazer a diferença, estar à altura. Desenvolver medidas conscientes em termos sociais e ambientais, do ponto de vista económico e político”, acrescentou.
Mas diferente é mudar de atitudes e não se ficar pelos lamentos ou preocupações com as notícias sobre os níveis de CO2 e os seus efeitos nefastos para o planeta. “Somos obrigados a assumir responsabilidades.”
O objetivo do desenvolvimento sustentável pode causar desconforto, como todas as mudanças, mas levou a autarquia de Cascais a apostar em duas vertentes: mitigar e adaptar.
E seguindo essa premissa, a grande ação foi a oferta de transportes públicos gratuitos. Uma decisão que gerou críticas, mas que Carlos Carreiras fez questão de lembrar que está a ser replicada noutros municípios, nomeadamente na capital. Deu ainda o exemplo da Área Metropolitana de Lisboa, que reduziu drasticamente o preço dos passes sociais.
Esta medida exigiu da parte da Câmara Municipal de Cascais uma resposta ao estacionamento – mais parques geram também mais receita para o município e ao mesmo tempo dispõem de cais de carregamento para veículos elétricos, explicou.
Um modelo que Carlos Carreiras afirmou que é rentável para o município se se juntarem as receitas do IUC à dos estacionamentos, sobretudo os de superfície, que exigem menos investimento.
Cascais pode ser um exemplo em mobilidade, mas o seu presidente fez também questão de falar da coqueluche ambiental do concelho: a floresta marinha. Um valor acrescentado, porque não é só da captação de carbono que se trata, mas da preservação da biodiversidade, da fauna e da flora. Carreiras falou inclusivamente que os pescadores salvaguardam e têm mais espécies disponíveis, ao mesmo tempo que haverá mais flora disponível para a indústria farmacêutica.
O presidente da Câmara Municipal de Cascais terminou a sua intervenção na conferência da Mobi Summit com um apelo: que se estude o que mudou com os acontecimentos de há 100 anos que agora se repetiram – uma pandemia e guerras. E que se esteja atento ao grandes movimentos tecnológicos e mais alerta para as medidas a desenvolver no futuro próximo. Sempre associados à academia: “Não é feio copiar, fiz o meu curso como trabalhador-estudante a copiar e terminei-o a copiar. Feio é copiar errado. Temos que ver onde podemos copiar certo, poupa-nos tempo e dinheiro.” E, neste caso, o ambiente.