Nos concelhos de Vagos, Mira e Cantanhede há 3.642 casas gandaresas que podem ajudar a alavancar o desenvolvimento do território. Identificadas no âmbito do projeto Gândara TourSensations, o seu potencial vai estar em cima da mesa na conferência "Para lá das massas. Turismo e Comunidades Locais", que decorre, amanhã, na Casa Museu de Santo António de Vagos.
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Esta tipologia de casa-pátio rural, que se disseminou numa região outrora marcada pela pobreza, pode ser afinal uma grande riqueza e servir para atrair turistas, fomentar novos negócios e contribuir para preservar a cultura local. As três autarquias que estão no "coração" da Gândara acreditam de tal forma neste potencial que estão a preparar uma série de benefícios nos regulamentos municipais, nomeadamente a nível de taxas e licenciamentos, tentando, junto de diversas entidades, conseguir financiamento específico para a recuperação destas habitações.
A ideia, explica Silvério Regalado, presidente da Câmara de Vagos, é "criar mecanismos para que quem queira investir no seu património edificado, nomeadamente nas casas gandaresas, o consiga fazer". Para que as casas "sejam vividas novamente" e gerem "benefícios" para a população.
"Há ainda bastantes casas, mas muitas estão degradadas. Já se começa a notar uma tendência para as pessoas recuperarem o que era dos seus antepassados", mas é preciso apoiar esse esforço, acrescenta o edil de Mira, Raul Almeida.
A Gândara não se esgota no património edificado. Quem visitar a região, encontra ainda "bem vivos alguns traços da cultura tradicional da Gândara, como a gastronomia e as tradições populares, entre outros elementos etnográficos que proporcionam experiências singulares", destaca Helena Teodósio, presidente da autarquia de Cantanhede.
Através do projeto Gândara TourSensations, promovido pelos municípios de Vagos, Mira e Cantanhede e coordenado pela Universidade de Aveiro, foi possível construir uma base para se conhecer o território.
Entre outras ações, foi feito um levantamento e georreferenciação de todas as casas gandaresas nos três municípios, tendo sido identificadas 1.520 em Vagos, 629 em Mira e 1.493 em Cantanhede. Qualquer pessoa pode dirigir-se às câmaras e perguntar se uma determinada casa que possui é considerada, ou não, gandaresa. Apurado o grau de genuinidade, será atribuído uma espécie de selo.
Também está pronto um guia que ensina as melhores técnicas e materiais a usar na recuperação das habitações. Em breve, a biblioteca digital que reúne informação sobre os três concelhos e onde se encontram dados sobre o que é a identidade gandaresa, ficará disponível no site do projeto. Cada município conta, ainda, com um centro interpretativo.
* Trabalho realizado no âmbito do projeto "Gândara - Tour Sensations", financiado pela Linha de Apoio à Sustentabilidade - Turismo de Portugal