Cervejeiras pedem requisição civil nos portos para evitar prejuízo de milhões
A Associação Portuguesas de Produtores de Cerveja pediu ao Governo que avance com a requisição civil para atenuar o impacto da greve dos portos e admitiu que os prejuízos podem atingir dez milhões de euros.
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Depois de outras associações de empresários, como a Associação Comercial de Lisboa e a Federação das Indústrias Agro-Alimentares, terem lançado este apelo, foi agora a vez de António Pires de Lima, presidente da APCV e da Unicer, invocar o "desespero" da indústria cervejeira, que se viu confrontada com um novo pré-aviso de greve que estenderá as paralisações nos portos portugueses até dia 27 de novembro.
"Estou a fazer um apelo público porque estamos a entrar numa situação de algum desespero por não vermos um fim à vista para uma greve que já dura há dois meses", disse António Pires de Lima, defendendo "uma requisição que garanta os serviços mínimos nos portos que estão a ser mais afetados, nomeadamente Lisboa e Setúbal".
O empresário sublinhou que as empresas estão a ter prejuízos elevados, nomeadamente as que exportam para África, pois a greve coincide com o período de maior sazonalidade de venda em áfrica, e destacou a importância do setor para as exportações.
"A cerveja é o produto que Portugal mais exporta para Angola", sublinhou.
As cervejeiras nacionais, que têm procurado escoar os seus produtos substituindo os portos de Lisboa e de Setúbal por Leixões ou portos do Sul de Espanha, como Algeciras, viram as suas despesas agravarem-se em cerca de 3 milhões de euros desde o início das paralisações, devido ao aumento dos custos com a armazenagem e o transporte.
Pires de Lima admite que os prejuízos cheguem aos 10 milhões de euros no final do ano, se a situação se mantiver em novembro e dezembro.
Os associados da APCV estão agora a considerar a exportação através dos portos da Galiza, temendo que a capacidade do porto de Leixões esteja comprometida.
"Isto é muito mau. Estamos a dar trabalho a espanhóis, com custos substanciais para as empresas portuguesas, quando deveríamos é estar unidos para exportar o mais possível num momento tão grave como este que está a viver a economia portuguesa", lamentou o presidente da APCV.
Em 2011, a indústria cervejeira nacional produziu 850 milhões de litros, dos quais mais de um terço (300 milhões) foram exportados.
António Pires de Lima afirmou que, até agosto deste ano, a tendência era de "uma exportação ainda mais forte", prevendo que pudesse chegar aos 350 milhões de euros, um "objetivo que agora está em causa".
Ainda assim, "muitas empresas estão a conseguir exportar quase o mesmo", mas os custos adicionais são muito elevados.