CGTP considera que "mais um ano" de programa de assistência financeira "é pouco"
O líder da CGTP, Arménio Carlos, afirmou esta segunda-feira que "mais um ano" no programa de assistência financeira "é pouco", insistindo na necessidade de renegociar a dívida e de alterar o regulamento do Banco Central Europeu.
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"Mais um ano, para nós, é pouco", disse o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) aos jornalistas, depois de uma reunião com o líder do Partido Socialista (PS), António José Seguro, que iniciou esta segunda-feira uma ronda de encontros com os parceiros sociais, em Lisboa.
Para Arménio Carlos, há três questões "fundamentais": "a renegociação da dívida - prazos, juros e montantes", "a alteração do regulamento do BCE e, finalmente, "o prolongamento do período para a redução do défice por um período mais largo", para travar "esta política de imposição de sacrifícios" e "assegurar que o Estado português pudesse fazer algum investimento público para pôr a economia a crescer".
O dirigente sindical reiterou que prolongar o programa de assistência financeira por mais um ano "não resolve o problema", sublinhando que "o problema está na política, quer do memorando, quer na política desde Governo".
"Enquanto não chutarmos para fora, quer o memorando, quer a política deste Governo, não vamos ter soluções para os problemas do país", disse Arménio Carlos, acrescentando que "alternativas existem, o que não existe é vontade política".
A solução - defendeu - passa pelo "aumento da produção", pelo "investimento público com retorno" e pela "dinamização da procura interna pela via do aumento dos salários e das pensões".
Interrogado sobre se está de acordo com as propostas que têm sido apresentadas pelos socialistas, que têm defendido que o país não tolera mais austeridade, Arménio Carlos disse que "algumas se enquadram nas propostas defendidas pela CGTP", mas destacou que "há outras".
Como exemplos, o sindicalista apontou a necessidade de "dinamizar a produção nacional, para reduzir as importações e diminuir a divida" e disse que isso se faz "combatendo a política de privatizações e revogando o memorando da 'troika'".
Considerando que "o grande problema [do país] é a baixa procura interna", Arménio Carlos disse é preciso melhorar a capacidade de poder de compra dos trabalhadores para "elevar o consumo, aumentar o negócio das empresas, criar mais emprego, aumentar as receitas fiscais do Estado e consolidar financeiramente a Segurança Social".
António José Seguro inicia esta ronda de reuniões com os parceiros sociais no dia em que chega a Portugal uma missão da 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) para discutir com o Governo a sétima revisão do programa de assistência financeira.
O secretário-geral do PS vai ainda reunir-se hoje com a Confederação de Agricultores Portugueses (CAP), depois de já ter recebido representantes da Confederação do Turismo Português (CTP).
Para terça-feira estão agendadas reuniões com a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e com a União Geral de Trabalhadores (UGT).