O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, considerou, esta sexta-feira, que a carta de intenções apresentada à "troika" pelo Governo é mais uma "ofensiva sem precedentes" contra os trabalhadores e apelou à adesão à greve geral de 27 de junho.
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Arménio Carlos reagia assim em declarações à agência Lusa à carta de intenções apresentada à 'troika' pelo Governo e pelo governador do Banco de Portugal e quinta-feira divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), incluída na análise da instituição no âmbito da sétima avaliação do programa de assistência financeira a Portugal.
A 03 de maio, o Governo enviou uma carta à 'troika' em que especificava as medidas da reforma do Estado até 2015, apontando para um corte cumulativo de 4,7 mil milhões de euros neste horizonte temporal.
Contudo, no memorando divulgado pelo FMI, o Executivo afirma que "o pacote total de medidas para 2014 vai ascender a 4,7 mil milhões de euros".
"O que se confirma é que este Governo desrespeita o povo português e simultaneamente as instituições. O que disse em Portugal contraria o que enviou à troika. Estes cortes estavam previstos para ser implementados em 2015 e agora já são em 21014", disse.
No entanto, para Arménio Carlos esta não é a questão mais importante, mas sim a "confirmação de que se trata de uma política de estrangulamento das pessoas" e da economia do país.
"Esta proposta mais não visa que aprofundar uma ofensiva sem precedentes contra os trabalhadores da administração pública e também dos reformados, mas não só, visa também por esta via a redução da despesas social dos serviços públicos fundamentais para o bem-estar e qualidade de vida das pessoas e a coesão social e desenvolvimento do país", explicou.
No entender do secretário-geral da CGTP, é esta situação "que tem de ser denunciada e combatida".
De acordo com Arménio Carlos, todas as medidas de austeridade fracassaram completamente, porque o grande problema do país não está na redução e despesa social, mas sim na implementação de políticas que estão a originar uma redução mais significativa das receitas fiscais do Estado.
"Enquanto não se inverter esta política de crescimento económico e de emprego, não vamos ter solução relativamente aos problemas que o país enfrenta", disse.
Arménio Carlos salientou que, mais uma vez, o FMI, o Banco Central Europeu e Comissão Europeia acentuam o corte na despesa social, mas não fazem referências de fundo ao que a CGTP considera que deveria estar destinado aos cortes: as Parcerias Público Privadas e os benefícios fiscais.
"As alterações laborais que foram feitas, pelos vistos, não chegaram e, mais uma vez, acentuam a necessidade de facilitação dos despedimentos e simultaneamente de redução das indemnizações e também de ataque aos direitos salariais quando abordam a necessidade de reduzir custos de produção estão a dizer que é preciso cortar mais nos salários", salientou.
Na opinião de Arménio Carlos, estas políticas estão a "condenar o país a uma morte lenta" e, por isso, considera ser muito importante a participação da população "em força" na greve geral de 27 de junho.