O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, criticou, esta terça-feira, o ministro das Finanças por este não ter anunciado medidas para os desempregados na conferência de imprensa dos resultados da terceira avaliação do programa de ajuda a Portugal.
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"Este governo tem dois pesos e duas medidas. Fala-se muito dos milhares de milhões que vão ser investidos, curiosamente não é anunciada uma única medida em relação aos desempregados", disse Arménio Carlos aos jornalistas.
Em declarações à margem de um encontro com ex-trabalhadores dos Estaleiros Navais do Mondego, o líder da CGTP defendeu a necessidade do "reforço na proteção aos desempregados" para acabar com o que considerou ser um "escândalo nacional" que é o de 58 em cada 100 desempregados "não terem subsídio de desemprego", disse.
O ministro das Finanças anunciou hoje que a terceira avaliação do programa de ajuda a Portugal foi positiva e que a 'troika' aprovou, assim, uma nova tranche de 14,6 mil milhões de euros.
Vítor Gaspar adiantou ainda que o Governo reviu em baixa a previsão de crescimento para 2012, prevendo agora uma contração de 3,3 por cento, tal como as mais recentes previsões da Comissão Europeia. Na proposta de Orçamento do Estado para 2012, o Governo previa uma contração da economia de 2,8 por cento.
O governante acrescentou ainda que a taxa de desemprego vai atingir os 14,5 por cento em 2012 e que diminuirá "apenas ligeiramente" em 2013. A média prevista no Orçamento de Estado para 2012 era de 13,4 por cento, sendo que no quarto trimestre de 2011 a taxa de desemprego já tinha atingido os 14 por cento, segundo o Instituto Nacional de Estatística.
Vítor Gaspar disse ainda que o Governo vai avançar com o pagamento de 1.500 milhões de euros em dívidas do setor da saúde, que deverá ser possível já a partir de abril.
"O que é positivo para os mercados financeiros e para a Alemanha é negativo para os portugueses, nomeadamente para os pensionistas, os trabalhadores, os jovens e os desempregados", afirmou o líder da central sindical.
Frisou ainda que os governantes portugueses são "subordinados, meninos de coro e bons alunos" relativamente às orientações da 'troika', mas "arrogantes e pouco sensíveis ao sofrimento do povo" português.
Na Figueira da Foz, Arménio Carlos participou ainda num plenário na empresa conserveira Cofisa, onde reuniu com mais de uma centena de funcionárias, numa ação de preparação da greve geral de 22 de março.