O secretário-geral da CGTP-IN pediu que a maioria de esquerda na Assembleia da República dê rapidamente sinais de rutura com as políticas dos últimos quatro anos, sublinhando que os trabalhadores devem "apresentar as suas reivindicações".
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"Temos consciência que os problemas não se resolvem de um dia para o outro, Roma e Pavia não se fizeram num dia, mas o que é certo é que neste momento ou há rapidamente sinais da Assembleia da República, nomeadamente desta maioria que apontem para soluções diversas e de rutura com o que se passou anteriormente, ou então, o que dizemos é que os trabalhadores não têm de ficar na expectativa", afirmou Arménio Carlos.
À saída de uma reunião com o PCP, o líder da central sindical enfatizou particularmente a questão do aumento dos salários e da contratação coletiva e disse que os trabalhadores "têm de fazer o seu trabalho, e neste caso fazer o seu trabalho é apresentar a suas reivindicações e procurar dinamiza-las para terem força para a negociação, porque quanto mais nos mobilizarmos mais força temos para negociar".
"Há matérias que têm de ter uma amplitude maior e quando estamos a falar de salários estamos a falar de contratação coletiva e nós queremos respostas para a contratação coletiva. Não aceitamos que a contratação coletiva esteja neste momento a ser completamente esvaziada do direito de negociação e a ser secundarizada, eu diria mesmo, numa perspetiva de tentativa de substituição da contratação coletiva pela relação individual de trabalho", afirmou.
Arménio Carlos sublinhou que a uma nova maioria deve corresponder "uma mudança de política, mas tem de ser a sério, não só nas palavras, nos atos".
Além do aumento do salário mínimo nacional para 600 euros e da contratação coletiva, o líder da CGTP salientou, como um divisor de águas, a importância da atribuição de um subsídio social aos desempregados que perderam já o direito a qualquer apoio do Estado.
"Estes são temas que sabemos que são fraturantes, que do ponto de vista teórico todos estamos de acordo porque toda a gente fala da pobreza e da importância do combate à pobreza, mas depois quando chega à altura é mais difícil. E nós estamos na altura difícil, altura de confrontar e de resolver problemas difíceis", defendeu, pedindo que "um compromisso que estabeleça parâmetros mínimos de resposta aos problemas".
Arménio Carlos avisou ainda: "Não nos peçam, que isso não fazemos, é para deixarmos de ser aquilo que somos para facilitar determinado tipo de medidas que eventualmente alguns possam pensar desenvolver para, com o beneplácito da CGTP, por em causa direitos e interesses dos trabalhadores. Isso não fazemos", declarou.
Após a reunião, o líder da bancada do PCP, João Oliveira, disse que os comunistas e a CGTP-IN discutiram as propostas da central sindical e também fizeram a "apreciação da alteração da correlação de forças na Assembleia da República".
"Os nossos compromissos eleitorais e a intervenção parlamentar em muitas das questões que foram colocadas torna mais fácil dar uma perspetiva das opções do PCP em muitas destas preocupações", declarou.
Sobre a questão do aumento do salário mínimo para 600 euros, defendida pela central sindical e pelo PCP, João Oliveira não quis adiantar em que ponto se encontram as negociações com o PS e frisou que a relação entre os partidos e com a central sindical não se condicionam.
"Obviamente, nas reuniões com a CGTP não estamos a tratar do que tratamos nas reuniões com o PS. As reuniões com o PS são as reuniões com o PS, as reuniões com a CGTP são as reuniões com a CGTP. As coisas não se misturam nem se comprometem mutuamente", disse.
Questionado sobre a exequibilidade de o aumento do salário mínimo para 600 euros se concretizar já em 2016, João Oliveira considerou que "essas possibilidades resultam sempre das opções que são feitas".