O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, acredita que a greve desta quarta-feira é uma "das maiores desde o 25 de Abril" e que o aumento do desemprego é um reflexo das atuais políticas.
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Do lado de fora dos portões da Escola Secundária Gil Vicente, que está encerrada devido à greve geral, o sindicalista lamentou os dados esta quarta-feira divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) que mostram um aumento da taxa de desemprego de 15% (no 2º semestre deste ano) para 15,8% no terceiro trimestre. Atualmente, estão desempregadas mais de 870 mil pessoas.
"Estes números refletem as políticas que estão a ser desenvolvidas" pelo atual governo, defendeu Arménio Carlos, alertando para o perigo de a taxa de desemprego continuar a aumentar caso não haja uma inversão na política nacional.
Para Arménio Carlos, o desemprego é uma das causas de descontentamento dos portugueses que hoje "apresentaram um cartão vermelho ao governo", que está "de costas para o povo" e "promove uma política que destrói a economia".
"Às 12 horas, o secretário-geral falava já numa das "maiores greves desde o 25 de Abril, que demonstra de forma inequívoca a indignação e descontentamento do povo português contra este governo".
A adesão à greve "não é um cartão amarelo, mas sim um cartão vermelho à política e ao memorando".
Entrevistado por uma estação de televisão alemã, Arménio Carlos deixou um recado à Chanceler alemã Ângela Merkel: "Ao contrário do que a Srª Merkel disse, aqui trabalha-se mais do que na Alemanha. Aqui ganha-se menos do que na Alemanha. Aqui há mais desemprego do que na Alemanha. Aqui há mais precariedade do que na Alemanha. Aqui há mais exploração do que na Alemanha. Aqui há mais pobreza do que na Alemanha. Aqui há necessidade de alterar a política".
O líder da intersindical garantiu que não é por falta de aviso que as políticas não mudam: "Ainda ontem dissemos à Troika que este caminho vai lançar o país para o precipício".
O secretário-geral lembrou que "a fome voltou a Portugal": "Existem 10 mil crianças que neste momento têm fome".
A CGTP defende a renegociação da dívida, "tal como faz qualquer cidadão quando está com dificuldades. Vai ao banco renegociar". Até porque, defende, "ou se altera a política ou o governo vai ficar numa situação insustentável".