Os reguladores chineses criticaram a marca de têxtil espanhola Zara, a companhia aérea norte-americana Delta Air Lines e a fabricante de equipamento médico Medtronic por colocarem Taiwan como um país nos seus portais eletrónicos.
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As autoridades chinesas exigiram à Zara, Delta e Medtronic que removam o "conteúdo ilegal" e emitam "imediatamente" um pedido de desculpas público.
Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China, mas Pequim considera-a uma província chinesa e não uma entidade política independente.
Frequentemente, a China comunista critica editoras de livros, mapas e outros materiais que se referem a Taiwan como um país.
No mesmo dia, os reguladores pediram ao Marriott International que suspenda o seu portal eletrónico e aplicativo na China, por uma semana, depois de o grupo de hotelaria ter listado Macau, Hong Kong, Taiwan e Tibete como países independentes num inquérito aos clientes.
"O ciberespaço não é um espaço sem lei e as firmas multinacionais devem respeitar as leis e regulações relevantes", escreveu a agência de Xangai para o Ciberespaço, no seu microblogue oficial.
Foi "ordenado" à Zara e Medtronic que façam uma "autoanálise profunda", disse o regulador.
A agência chinesa encarregue de regular a indústria da aviação civil exigiu, entretanto, à Delta Air Lines que peça "imediatamente um pedido de desculpas público".
Alguns executivos do Marriott International foram questionados pela polícia de Xangai, por possível violação das leis para o ciberespaço, segundo relatos da imprensa local.
Macau, Hong Kong, Taiwan e Tibete surgem como opção de resposta à questão "em que país reside?", num inquérito difundido pelo grupo hoteleiro, em língua chinesa.
A "gafe" foi prontamente identificada pela imprensa e internautas chineses, como uma tentativa de "dividir a China", e suscitou apelos ao boicote aos hotéis geridos pelo grupo.
A Marriott, o maior grupo hoteleiro do mundo, opera mais de 100 hotéis e resorts na China, incluindo as marcas Ritz Carlton e St Regis.
Várias empresas estrangeiras foram já alvo de boicote na China por motivações políticas.
No ano passado, quase todos os supermercados da firma sul-coreana Lotte no país foram encerrados, em protesto contra a instalação na península coreana do sistema antimísseis norte-americano THAAD.
A Lotte, quinta maior empresa da Coreia do Sul, trespassou os terrenos ao Governo sul-coreano para a instalação do THAAD, que Pequim considera constituir uma ameaça ao seu território.
À exceção da Defesa e das Relações Externas, que são da competência exclusiva de Pequim, as Regiões Administrativas Especiais de Hong Kong e de Macau gozam de "um alto grau de autonomia", são governadas pelas respetivas populações, mantêm as suas moedas e não pagam impostos ao governo central chinês, ao abrigo do princípio "um país, dois sistemas".
A noção de independência para aqueles territórios é, no entanto, denunciada por Pequim como sendo "contra a Constituição da China e a Lei Básica" das respetivas regiões.
Os executivos locais precisam de ser aprovados por Pequim para poderem exercer.
O Tibete, a região menos populosa da China, com apenas cerca de três milhões de habitantes, é uma das províncias chinesas mais vulneráveis ao separatismo, com os locais a argumentarem que a região foi durante muito tempo independente, até à sua ocupação pelas tropas chinesas em 1951.