<p>Para hoje, terça-feira, estão previstas greves nos comboios, autocarros urbanos, transportes fluviais e nos privados pesados de passageiros, que assim se juntam ao protesto iniciado ontem pelos maquinistas da CP e que apenas garantiu a circulação de 20% dos comboios.</p>
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Cerca de 20 mil trabalhadores de um total de 17 empresas públicas de transportes, aos quais se juntam mais trabalhadores de 120 empresas privadas de pesados de passageiros, estão hoje abrangidos por um pré-aviso de greve. Os maiores transtornos poderão atingir os utentes da CP, STCP (autocarros do Porto), Carris (autocarros de Lisboa) e dos barcos que fazem a travessia do Tejo.
Para agravar a situação, o Tribunal Arbitral apenas decidiu serviços mínimos para os maquinistas. Para todos os outros serviços também em greve, e para Refer, nada foi decretado. Neste contexto, a CP estava a apelar aos passageiros para que procurassem alternativas. No entanto, alguns utentes ouvidos pelo JN assumiram: "Não existem alternativas, vai estar tudo parado, autocarros, comboios e barcos".
Isto, porque, já ontem foram muitos os que ficaram apeados nas estações, mesmo com os serviços mínimos (20%) e com autocarros disponibilizados pela CP como meio alternativo, por ter sido o primeiro de três dias de greve só dos maquinistas, entre as 5.30 e as 12 horas. Foram precisas duas horas depois da greve para normalizar toda a circulação.
Para aquele horário, os passageiros que tinham bilhetes nos serviços Alfa Pendular e Intercidades tiveram que esperar, uma vez que dos oito Alfas apenas um se realizou, e não se efectuou nenhum dos 13 Intercidades.
Judite França era uma das passageiras que esperava na estação de Campanhã, no Porto. "Olho para os ponteiros do relógio de dois em dois minutos, devia ter partido às 9.47 horas, já são 10.18 e ainda não há uma hora definida para a partida".
Para os comboios regionais, a sorte não foi muito melhor. Elpídio Espindoa estava na estação de Campanhã desde as 7.30 para seguir até Valongo: "Já passa das 10 horas e ainda aqui estou. Tinha que estar no meu destino às 9 horas, não sei o que fazer". Dos 144 comboios regionais previstos apenas se realizaram 54, de acordo com a CP.
O mesmo aconteceu com os comboios urbanos, com pessoas a desistirem e a tentarem encontrar meios de transporte alternativo, porque dos 250 comboio urbanos de Lisboa realizaram-se 68, e dos 117 urbanos do Porto apenas circularam 22. Os comboios internacionais não serão afectados por estas paralisações, uma vez que houve um acordo com os sindicatos, na sequência das perturbações registadas no transporte aéreo, por causa do vulcão da Islândia.
O Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) recordou que esta greve foi convocada em protesto contra o fecho "unilateral" de negociações salariais que estavam a decorrer, e exigem a reabertura do processo negocial.