O presidente da Confederação Nacional da Agricultura acusou a ministra da Agricultura de "andar a fazer fretes e de ser a embaixadora do grande negócio agrícola", quando devia preocupar-se com os pequenos e médios agricultores.
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João Diniz comentava assim à agência Lusa as declarações da ministra da Agricultura, Assunção Cristas, que manifestou quinta-feira estranheza pelo aumento de 53,1% do número de desempregados no setor, nos primeiros três meses do ano, face ao trimestre anterior.
"Mostra estranheza porque ainda não conseguiu perceber o país do qual é suposto ser ministra da Agricultura, tem-se limitado a fazer o frete, a fazer de grande embaixadora do grande negócio agrícola e tem-se deslocado para fora do pais com missões que têm a ver com grandes empresas do negócio agrícola, que não tem nada a ver com o nosso setor ", considerou o presidente da Confederação Nacional da Agricultura.
O mesmo responsável adiantou à Lusa que Assunção Cristas ficou surpreendida com os números do Instituto Nacional de Estatística (INE), mas na verdade os números são "bem reais", uma vez que há de facto um aumento do número de desempregados no setor no que diz respeito aos assalariados, que trabalham por conta de outrem, e dos proprietários de explorações que são obrigados a abandonar.
João Diniz considerou que "Assunção Cristas faz de conta que não é ministra da Agricultura deste Governo e acusou-a de se entreter a servir como uma espécie de caixeiro-viajante do grande agronegócio" que a maior parte das vezes nem paga impostos em Portugal.
A ministra Assunção Cristas disse na quinta-feira, numa deslocação à Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Alter do Chão, instalada na Coudelaria da vila alentejana, que tem sido verificado no terreno um "grande dinamismo, gente a chegar à agricultura, gente nova a instalar-se todos os meses na agricultura", com projetos apoiados por fundos comunitários.
"Enquanto se instalam 100 jovens agricultores desaparecem mil já instalados e os que agora se estão a instalar vamos ver onde é que eles estão ao fim dos cinco anos do projeto. Aliás, nós já pedimos à sra ministra um balanço dos que se instalaram há cinco anos para saber qual é a taxa de mortalidade e até agora não nos foi dito nada", relatou.
O presidente da CNA disse que é positivo que apareçam jovens para a exploração no setor agrícola, mas considerou que não basta. "Temos de saber o que estes jovens estão a fazer, o que vão produzir e onde vão estar daqui a uns anos. Com o aumento brutal da carga fiscal, com a redução dos apoios públicos (foram cortados nos últimos 3 anos cerca de 250 milhões de euros nos programas de desenvolvimento rural) a situação fica ainda mais complicada", argumentou.
João Diniz manifestou a esperança de que este "governo se vá embora rapidamente, para que possa haver outro que faça outras políticas e que não se remeta à propaganda".