Conselho de Vitivinicultores discute e aprova sábado proposta negocial do Governo
O Conselho Regional de Vitivinicultores da Casa do Douro (CD) vai discutir e aprovar no sábado a proposta do Governo para a resolução da dívida da instituição ao Estado, disse hoje à agência Lusa o presidente do conselho.
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José Costa Pereira referiu que em cima da mesa vai estar também uma proposta da direcção da CD, liderada por Manuel António Santos, para resolver o problema da participação da instituição na Real Companhia Velha (RCV).
A reunião começa às 09:30 e decorre no salão nobre da Casa do Douro, no Peso da Régua.
No acordo negocial entregue ao organismo duriense e a que a agência Lusa teve acesso, o Governo propôs a entrega dos vinhos empenhados da CD ao Estado para a regularização da sua dívida e a organização de vendas anuais.
A CD deve ao Estado 110 milhões de euros e o valor dos vinhos deverá ser superior ao valor da dívida.
Depois dos conselheiros será a vez de, na segunda feira, os trabalhadores da CD se reunirem para tomarem uma posição sobre a proposta negocial.
No entanto, contactados pela Lusa, alguns dos funcionários do quadro privado, que já têm oito meses de salários em atraso (sete vencimentos e um de subsídio de férias), disseram que a proposta "é má" para o organismo porque "não devolve nenhuma das competências e não assegura a sua viabilidade".
A "única coisa boa", afirmaram, é a possibilidade de serem pagos os salários em atraso.
A crise na instituição, que já dura há cerca de duas décadas, agravou-se na sequência da aquisição de excedentes para evitar a queda dos preços em anos de produção excepcional no final da década de 80, com a perda de competências atribuídas pelo Estado e com o negócio de compra de parte da RCV, por 50 milhões de euros, em 1990.
Apesar de deter 40 por cento das acções da RCV, a CD nunca participou activamente na gestão da empresa porque o negócio foi alvo de acções judiciais de anulação.
Em janeiro de 2008, o conselho de viticultores da CD aprovou, por maioria, a venda à Global Wines de 51 por cento do capital que é detido na RCV negócio e que, segundo foi anunciado na altura, permitiria pagar 20 milhões de euros de dívidas ao Estado.
A Global Wines pertence à Dão Sul - Sociedade Vitivinícola, mas o negócio nunca chegou a ser concluído.