Os Serviços Municipalizados e de Saneamento Básico de Viana do Castelo (SMSBVC) reconheceram, esta quarta-feira, uma quebra de 10 por cento no consumo de água, "possivelmente" em resultado das dificuldades financeiras das famílias.
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"Possivelmente será devido ás dificuldades das famílias ou por efeito de poupança. Mas hoje, face a 2011, as faturas representam uma quebra no consumo de 10 por cento", explicou à agência Lusa o vereador com aquele pelouro na Câmara de Viana do Castelo.
"As famílias estão a concentrar os seus consumos nos gastos essenciais", admitiu ainda Vítor Lemos.
De acordo com números dos SMSBVC, 80 por cento das famílias do concelho já consomem "menos de oito metros cúbicos por mês" e mais de metade (60 por cento) "gasta menos" de cinco metros cúbicos de água.
Segundo Vítor Lemos, o número de cortes no abastecimento de água, por falta de pagamento, ronda atualmente os 80 por mês e não 800 como hoje foi noticiado.
"Naturalmente foi algum lapso na informação que enviamos, mas 800 é o número de cortes que realizamos por ano e não por mês, que é de 80", explicou o vereador.
"Antes de cortar qualquer serviço existe um processo de negociação. Por vezes as famílias pedem mais uns dias para pagar e é isso que acontece, noutros casos é articulada a situação com os serviços sociais", acrescentou Vítor Lemos.
Ainda segundo dados dos SMSBVC, a dívida total de clientes ascendia, no final de 2011, a perto de 1,2 milhões de euros.
Aqueles serviços têm 42 mil clientes, num universo de 88 mil habitantes, e a grande repercussão nos últimos meses tem sido sentida nos consumos e no aumento, de 300 por cento, de pedidos de adesão à tarifa social.
"Temos tido uma procura muito grande desse tipo de tarifa, que tem de ser validada pelos serviços sociais da autarquia", admitiu ainda o responsável.
Recorde-se que em dezembro último, em reunião do Executivo, a maioria socialista apresentou uma proposta para "não mexer no tarifário" para este, a qual mereceu o voto favorável também dos vereadores da oposição (PSD e CDS-PP).
"É uma decisão política. Estamos a viver um momento extraordinariamente difícil e por isso vamos manter as tarifas em 2012", explicou, na altura, Vítor Lemos.
Para utilizadores domésticos aqueles serviços dispõem de quatro escalões, em função dos consumos mensais, que vão desde os zero aos cinco metros cúbicos de água (escalão 1) a mais de 25 metros cúbicos (escalão 4).
No primeiro escalão são cobrados 0,4344 euros por metro cúbico, valor que segundo a autarquia fica "abaixo do preço de custo" sendo apresentada como uma "tarifa social", enquanto que no tarifário "mais caro" cada unidade é taxada a 1,8120 euros.
Segundo os serviços, o escalão 2, entre cinco e 15 metros cúbicos de água consumida mensalmente, é o mais utilizado, sendo taxado 1,3235 euros por unidade.