Banco Central Europeu voltou a reduzir as taxas diretoras em 0,25 pontos percentuais. Uma simulação da Deco Proteste permite ter uma ideia do impacto.
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A descida anunciada na quinta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE) das suas taxas de juro diretoras vai traduzir-se num alívio nas prestações mensais aos bancos para a compra de casa.
Uma família que esteja a suportar um crédito a três meses por uma habitação de 200 mil euros, a 40 anos, com um spread de 1%, paga agora uma mensalidade ao banco de 905,31 euros. Quando a descida ontem anunciada pelo BCE se repercutir no empréstimo, no momento da renovação do contrato, a família passará a pagar 873,32 euros, ou seja, menos 31,99 euros, de acordo com uma simulação da Deco Proteste.
Tal como o mercado antecipava - e as taxas Euribor subjacentes ao crédito à habitação já descontavam -, o BCE anunciou o corte das suas taxas diretoras em 0,25 pontos percentuais. A taxa de facilidade permanente de depósito passa para 3,5%, a taxa de refinanciamento para 3,65% e a taxa de cedência de liquidez fica em 3,90%.
“Tendo em conta a avaliação atualizada realizada pelo Conselho do BCE quanto às perspetivas de inflação, à dinâmica da inflação subjacente e à força da transmissão da política monetária, é agora apropriado dar mais um passo no sentido de moderar o grau de restritividade da política monetária”, disse Christine Lagarde, presidente da instituição.
Trata-se da segunda descida de juros desde o início do ciclo de subidas, em julho de 2022, que levaram as taxas do BCE a passar de níveis historicamente baixos - quase zero e mesmo negativas - para valores em torno dos 4%. A primeira redução aconteceu no passado mês de junho, também com um corte de 0,25 pontos percentuais.
A líder do banco central da Zona Euro apontou como justificação para o novo corte a evolução favorável dos preços, mas também a maior moderação salarial, que tem sido uma das preocupações da instituição para o controlo da inflação. “Os salários negociados vão continuar a crescer na primeira metade de 2025 e a partir daí vão entrar no caminho do declínio”, disse Lagarde.
A responsável sublinhou que nesta altura ainda se está a sentir na economia o impacto de decisões tomadas pelo BCE há quase dois anos, um desfasamento temporal que vai continuar a acontecer.
“Acreditamos que já atingimos o pico [do impacto da subida das taxas de juro] em relação ao PIB, mas continuará a haver efeitos dessas decisões, e teremos o mesmo tipo de desfasamento aplicado na decisão que estamos a fazer agora”, afirmou.
Sobre futuras mexidas nos juros, Christine Lagarde reafirma que o objetivo é colocar a inflação nos 2% no médio prazo e que, “para o efeito, manterá as taxas de juro diretoras suficientemente restritivas enquanto for necessário”. A intenção, diz, é “seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião na determinação do nível e da duração adequados da restritividade”. E mais não diz sobre o que pode acontecer na próxima reunião do BCE, marcada para dia 17 de outubro.